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São Paulo, São Paulo, Brazil | INDIE

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Music

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"Projeto Axial"

et’s made no-music, as solution or as alternative for the meanless sound of the begin of this century. Or in another hand, let’s hear and make the same music that was done, 50 or more years ago. Between these proposes there is a great fear: maybe there’s no options to do something new. A kind of fear or worse: make music just to win money, nothing else.
In spite of these questions many musician which are trying and doing, diferent music, a lot of experiences abroad, and I think that there’s much more to do and play in Brazil.
In 2007 I’ve met de Axial Project, at the Tim Festival. A singer, Sandra Ximenez, a piano and “computer-player”, Felipe Julián and a saxophonist Leonardo Muniz Corrêa, which have been making and experiencing music. They’ve impressed me using brazilian poetry, brazilian folk music, they’re creating a work that must be respected, melting urban music with counntry music, and eletronics.
They’ve just released 2 albuns (Axial, 2004 and Senóide, 2007), and now they’re ending the 3rd, named Simbiose, and they’re invinting the fans to opine and suggest about the new songs. To download all the songs Check it out @ http://www.axialvirtual.com - Unbubble


"Axial"

Much more than mix, the show AXIAL intends to connect art and ideas through music. Sandra Ximenez (vocals and keyboard) and Felipe Julian (basses and computers) joined with sax and clarinet player Leonardo Muniz Correa to present a show which suggests new ways of listening, joining electronic and electroacustic music, world music, literature and technology.. This connection inspires the audience to rediscover the capacity to listen in a creative way. A new language inspired by ancient tongue. Inspired by Sandra Ximenez's ten years of etnico-musical research, the repertoire intermixes the group's original compositions with recriations of traditional music from Brazil, Haiti and Africa. Why we are able to understand music sung in a unknown language? Where is the meeting point between traditional and contemporary? The union between art and technology may even not be of such great importance to art but it will certainly be fundamental for technology as a way to allow it to have more human features and to present it as a playful object and not only as a tool. The artistic initiatives that, like Axial, make use of computerized resources somehow contribute to the formation of a society whose creative interests are not only intended to generate wealth. Our aim is to propose an interdisciplinary esthetical dialogue between music and other forms of plastic arts manifestations such as painting, web-art, sculpture, performance or installations so as to create a special and visually oneiric universe for these songs.

Do you play live?
We play a lot in Brazil. 2006 we had some shows in Berlin Germany.

Would you sign a record contract with a major label?
No

Your influences?
We like a lot Bjork, Radiohead, brazilian music of course, and eletroacoustic music. Matmos, Oval and son on. Africans like Salif Keita and much more.

Equipment used:
Lap top, keyboard, digital mixer, midi controllers, foot controllers - Soundclick


"CARTA CAPITAL"

Trabalho de assimilação demorada é Senóide, o segundo disco independente do trio paulistano Axial, formado por Sandra Ximenez, Felipe Julián e Leonardo Muniz Corrêa. Uma das fontes originais é a pesquisa de música tradicional e folclórica formulada à moda de Mário de Andrade pelo coletivo A Barca, de que Sandra faz parte. O Axial, no entanto, sofistica e complica o processo, somando material histórico de candomblé e do trovador baiano Elomar (na belíssima Cantiga de Amigo) a dissonâncias, intervenções eletrônicas, rudimentos concretistas, poesia de Manoel de Barros e Stela do Patrocínio. Trata-se de um conteúdo compacto, mas de fácil acesso, pois os dois álbuns do Axial estão disponíveis para download gratuito no site http://www.axialvirtual.com. – PAS
- Pedro Alexandre Sanches


"Soundgemalde statt nur Musik - Zehdenick - Germany"


Wednesday, November 25, 2009
Soundgemalde statt nur Musik - Zehdenick / Germany


ZEHDENICK Em seu incomparável Projeto Axial, Felipe Julian e Sandra Ximenez combinam a música e cantos oriundos da mística e tradição afro-brasileira e haitiana, com música eletrônica, eletro-acústica e tecnologia.
Cantos tradicionais adaptados para os ouvintes de hoje, o resultado é um quadro acústico, ao qual a maravilhosa voz de Sandra Ximenez acrescenta um charme especial. A estréia deles na Europa foi no verão de 2006, onde foram convidados á Copa da Cultura em Berlim e se apresentaram na Casa das Culturas do mundo. Atualmente eles estão na turnê européia e sábado 28 de julho se apresentarão às 19.30 horas na Klosterscheune Zehdenick. O ingresso custa dez, com desconto oito e para estudantes três euros. - Germany


"Malerei Mit Klangen"

Pinturas com sons

O projeto Axial do Brasil combina cantos tradicionais com musica acústica

ZEHDENIK Na música, a mistura do moderno com o tradicional pode soar absolutamente inadequado ou ser bem emocionante. Pensando na segunda alternativa, os brasileiros Felipe Julian (baixo e laptop), Sandra Ximenez (canto e keyboard), e também Leonardo Correa (saxofone e clarinete), deram vida ao projeto Axial. Os três músicos se apresentarão sábado 28 de julho às 19.30 na Klosterscheune.



Em seu projeto singular, Felipe Julian e Sandra Ximenez combinam música, cantos da tradição, mística afro-brasileira e haitiana com música eletrônica e eletroacústica com tecnologia. Somou-se agora ao grupo o saxofonista e clarinetista Leonardo Correa.
Os três adaptam cantos tradicionais para a audiência de hoje, e o resultado é uma pintura acústica à qual a maravilhosa voz de Sandra Ximenez acrescenta um charme especial.

A estréia de Axial na Europa foi no verão de 2006. Para essa oportunidade foram convidados à Copa da Cultura em Berlim e se apresentaram como pré-banda de Nana Vasconcelos na Casa das Culturas do Mundo. Seu novo álbum “Senoide” foi publicado por Axial em abril deste ano. No verão estarão na Europa num tour e no sábado se apresentarão na Klosterscheune Zehdenick. O ingresso custa dez euros, com desconto oito e para estudantes três euros.
- Germany newspaper


"Poesia e Matemática, Urbano e Rural pelo filtro da eletrônica"

Por Lauro Lisboa Garcia

Felipe Julián: Baixista e tecladista do projeto Axial

O projeto Axial, formado inicialmente por Felipe Julián (baixo, teclado e instrumentos eletrônicos) e Sandra Ximenez (voz, teclado e piano), virou trio com a entrada do saxofonista Leonardo (sax, clarinete e eletrônicos). Eles dividem arranjos e algumas composições do segundo álbum, Senóide (Cooperativa de Música), que terá parte do repertório no show de estréia do grupo no Rio, hoje no TIM Festival. Conectando ''''o mais primitivo com o mais contemporâneo'''', eles também interpretam no CD canções do baiano Elomar e do paulistano Luiz Tatit, além de ''''desconstruir'''' temas étnicos tradicionais dentro de seu estilo ''''eletrorgânico''''.

Como unir dois pólos tão distintos como o rural Elomar (Cantiga de Amigo) e o urbano Tatit (Incerteza) num mesmo conceito?

Ouvi Elomar desde pequeno, meus pais tinham Na Quadrada das Águas Perdidas, que é um disco absurdo. Quando já estava estudando música voltei a ouvi-lo e descobri que era aquilo que queria fazer, por causa das opções harmônicas dele. A influência principal é essa. Já o Chico Saraiva compôs essa música e achou que tinha a ver com a voz da Sandra. Ela fez tudo nessa canção, eu só finalizei a mixagem. Nem me meto a dizer que teve um planejamento estético. Uma música é de interesse nosso e outra nos foi ofertada.

E qual a influência de poetas como Manoel de Barros, Guimarães Rosa e João Cabral de Mello Neto, que têm versos musicados por vocês?

Aí entra uma questão de afinidade de gosto nosso, e por eles falarem coisas que têm a ver com o nosso som. Manoel de Barros, por exemplo, fala o tempo todo sobre a desconstrução da arte e sentimos que em algum nível a gente pratica isso um pouco. Guimarães já estava no primeiro disco, em que fizemos uma peça sonora com citação do conto Buriti - o personagem mestre Ezequiel é atormentado pela audição. Isso tem a ver com o fato de a gente também querer desenvolver a hipersensibilidade auditiva das pessoas.

Vocês escolheram o título Senóide por tratar a música como uma equação matemática?

Senóide é tida como aquela onda sonora pura. É o átomo do som, menos do que uma senóide não dá para ter. Por um lado tem esse valor meio poético, de que tudo que está nesse disco é composto por senóides. E por outro, tem um uso consciente de senóides, feitos no computador para construir a sonoridade da gente. Outra questão tem a ver com o conceito do Axial que é conectar o mais primitivo com o mais contemporâneo. De certa forma, na nossa concepção, essa conexão é possível por meio de algumas coisas muito básicas, como a matemática, por exemplo. - Estado de São Paulo - Lauro Lisboa Garcia


"Share culture is not piracy!"

É de se surpreender que, apesar da suma qualidade, pouca gente conheça melhor o que posso chamar de uma das mais gratas surpresas da música brasileira contemporânea. É um prazer inesperado ouvir “Senóide”, segundo disco do Axial, projeto paulista que desde 2004, quando lançou seu primeiro e homônimo disco, faz um trabalho de experimentação com o formato canção. “Senóide” (Independente) está sendo lançado ao longo deste ano em shows na Alemanha, São Paulo e em breve no Rio de Janeiro, durante o Tim Festival 2007.
Do disco de estréia, há três anos atrás, até chegar neste trabalho, o Axial firmou ainda mais sua sonoridade que, para além de ser eletrônica, pode ser chamada de eletro-orgânica. O nome, dado por eles mesmos, tenta traduzir a reambientação que é criada em torno de músicas do universo tradicional brasileiro, usando instrumentos acústicos sob a organização e manipulação do computador. O resultado é um ambiente fantasioso, imagético, muito próximo das artes plásticas, não só pela construção quase cenográfica das canções, que mais parecem esculturas sonoras, mas também pela composição visual dos shows.
O Axial está prestes a estrear em São Paulo uma temporada de apresentações com vídeo instalações e performance da dançarina Lu Favoreto (Cia. Oito Nova Dança, de São Paulo), tratando simultaneamente do tema da linguagem e o ser humano. Para entender melhor a música do grupo, é preciso falar um pouco sobre a trajetória musical dos dois membros que formam sua base: Sandra Ximenez (vocais, teclado e piano) e Felipe Julián (baixo e programações). Sandra participa, além do Axial, do grupo A Barca, que viaja o país pesquisando, registrando e tocando música tradicional brasileira. Felipe vem de uma formação erudita, em especial de música eletroacústica e estudou composição eletrônica com Flô Menezes, na Escola PANaroma de São Paulo (Flô é um dos mais importantes praticantes e estudiosos da música eletroacústica no Brasil). Do encontro entre estes dois eixos musicais e poéticos nasceu o Axial, que incorporou mais tarde o saxofonista Leonardo Muniz Corrêa.
Além de tudo isso, o grupo tem uma estreita relação com a cena musical independente e o livre acesso à cultura. Seus dois discos foram lançados de maneira autônoma, estão integralmente disponíveis na internet, através do site www.axialvirtual.com, porque, como eles mesmos dizem, “compartilhar cultura não é pirataria”.
Em entrevista para Nacocó, Sandra Ximenez e Felipe Julián falam mais sobre a tentativa de fazer virar música a palavra, sobre o processo de composição com o computador, a descentralização dos meios de produção e difusão da música e as dificuldades enfrentadas para levar o som para ainda mais longe. Como não poderia faltar, falamos também sobre a ligação do grupo com a Bahia — a gravação de uma canção do baiano Elomar no novo disco — e descobrimos até a relação de algumas canções com obras de Carybé.
O que mudou do primeiro disco, Axial (2004) para o Senóide (2007)?
Sandra Ximenes | Do primeiro disco para o Senóide eu sinto que não teve uma mudança conceitual. Teve um aprofundamento. Uma coisa que aconteceu mais foi composição. Esse material tradicional e étnico que a gente mexeu e pesquisou é muito inspirador, então nós, que não somos muito compositores, acabamos compondo mais, todos nós do Axial. Acho que ele é um pouco mais eletrônico também, nesse sentido do computador, ele está mais agregado. A gente chama o som de eletro-orgânico, na verdade, porque musica eletrônica é uma das nossas referências, mas o nosso som não é música eletrônica dançante, de pista. Pode ser chamada mais de eletroacústica, mas a gente inventou esse termo eletro-orgânico pra tentar expressar um pouco mais o que é, porque a gente toca nossos instrumentos, mas o computador está presente. E mais ainda no Senóide. A gente conseguiu amalgamar mais o que vem de som eletrônico com a minha voz, que é a coisa mais acústica, o saxofone que também é super acústico. A gente tá conseguindo sintetizar melhor nossas idéias no Senóide.
No trabalho de vocês, a música eletroacústica divide espaço com uma pesquisa de sonoridades brasileiras. Como vocês chegaram neste resultado?
Sandra Ximenes | No trabalho do Axial a gente sempre partiu de dois interesses. A gente teve um encontro, especialmente no começo entre eu e o Felipe Julián, e a gente partiu de uma inquietação com tentar fazer uma canção mais própria, mais nossa. Eu trouxe uma bagagem que eu tenho de dez anos pra cá, ou até mais, de muito interesse em música tradicional brasileira. Eu faço parte de um grupo que viaja pelo Brasil pesquisando isso, gravando comunidades (A Barca). A gente aprende, toca e eu estudo isso há muito tempo. Senti que este contato com música tradicional foi muito enriquecedor pra mim, parece que dar um passo atrás pra o tradicional, me fez entender como eu poderia ir pra frente, para trabalhar com canção. Já o Felipe é contrário. Ele veio de um universo de musica erudita, de musica eletroacústica e estava um pouco interessado também em pôr estes interesses numa forma nova de trabalhar a canção. Então a gente se encontrou e começou a pesquisar isso, portanto tem realmente as duas coisas presentes.
Você poderia falar um pouco sobre estes projetos que antecederam o Axial? Sobre sua experiência com o grupo A Barca e a de Felipe Julián com a música eletroacústica, no Estúdio Panaroma.
Sandra Ximenes | As experiências que tivemos antes e que vamos tendo paralelamente, todas têm a ver com o que desemborca no Axial. O Felipe estudou com o Flô Menezes no Panaroma e isso foi definitivo para o aprofundamento dele na linguagem eletrônica, no conhecimento de softwares, de que tipo de ferramenta é o computador, começou a entender de acústica e de espacialização. Eu ainda estou n’A Barca, sou fundadora do grupo (junto com outros quatro amigos) e o estudo que fazemos lá há dez anos, da cultura tradicional brasileira, incluindo várias viagens, muita pesquisa de campo, muita gravação dos grupos tradicionais, muita experimentação de tocar os gêneros com a nossa banda... tudo isso reflete em mim como artista e reflete no Axial. Só que no Axial eu consigo colocar em pauta as minhas inquietações de artista contemporânea e todo esse interesse no tradicional, nos cantos afro-brasileiros, vai virando cada vez mais inspiração pra composição e para leituras bem pessoais e “fundamentais” (no sentido de procurar o que é a minha subjetividade nesse sentimento, nessa relação emocional com o repertório) da tradição.
Como e quando o computador entra no processo de composição de vocês?
Sandra Ximenes | O computador entra de várias formas. Como a gente canta muitas vezes canções que são cantos de orixás, ou cantos rituais (no primeiro disco por exemplo tem um Coco da Paraíba, um baião de princesas de São Luís do Maranhão, no Senóide também tem os cantos de orixás), a gente sentiu a necessidade de reambientar essas músicas, num ambiente fantasioso, um ambiente nosso imaginário. Então o computador veio muito a calhar nisso. O Felipe desenvolveu esse conceito que ele chama de audiocenografia, que é usar vários tipos de sons, além dos nossos instrumentos, usar o computador para criar ambientes oníricos para essas canções, para que elas passem a existir em um outro espaço, que não é o espaço do terreiro, do culto, da festa na rua. É um espaço nosso mesmo, que a gente tá experimentando recriar. Então ele entra nessa hora, entra na hora de compor, linhas de arranjos pra sopro (a gente tem um saxofonista [ Leonardo Muniz Corrêa] que não gravou o primeiro disco, ele gravou o Senóide, mas já tá tocando com a gente há alguns anos antes da gravação do Senóide), pra eu compor as vozes... Muitas vezes eu gravo a voz, e por ter esta ferramenta do computador, eu consigo cantar comigo mesma e já ir inventando as outras vozes. Ele entra manipulando os sons também. Por exemplo, para o Senóide, a gente gravou muitos sons de natureza, de pedra, de graveto, de folhas secas, e depois manipulamos no computador para criar outra coisa, né? Ele também está no palco, fazendo tudo isso, gerando esses sons ao vivo no palco.
Nas letras parece haver uma preocupação com a sonoridade da língua e ao mesmo tempo, elas são bastante imagéticas, trazem cenários à tona. Isso é uma característica do Axial?
Sandra Ximenes | Acho que sim. Acho que essa característica de ter esses dois elementos, letra, palavra poesia, e ao mesmo tempo sonoridade, é uma coisa que eu procuro. Eu sempre me interessei em cantar as cantigas tradicionais, inclusive em outras línguas, em iorubá, em línguas do Haiti (no primeiro CD tem duas músicas do Haiti que se canta num idioma crioulo, uma mistura das línguas africanas com o francês, no Senóide tem quatro cantos em iorubá, um em castelhano...). É uma tentativa de fazer virar música a palavra, dela não precisar ser compreendida diretamente pelo sentido, mas sim, subjetivamente pelo sentido. Porque linguagem é linguagem, ela sempre será mais do que só um som, mas isso pode vir às vezes indiretamente. Uma língua ritual, como o iorubá, traz uma carga de muita compreensão, que ultrapassa o sentido da gente fazer a tradução da letra. Então isso interessa bastante e interessa também o que se está dizendo. Pra completar esse universo meio onírico que a gente tem vontade de pesquisar no Axial, escolhemos letras bastante imagéticas, assim como o som que a gente propõe para as pessoas ouvirem no show, no cd, também é muito imagético. Essa coisa de trabalhar com sons abstratos, que não são de nenhum instrumento especificamente, que é um som manipulado no computador e ninguém sabe exatamente o que é, abre a imaginação e a imagem daquilo. A gente tem uma ligação com artes plásticas que acaba se refletindo na escolha e na composição das letras.
Este interesse pela linguagem e a ligação com as artes plásticas está presente no show “Primeiro pretérito”, que acontece neste mês em São Paulo, reunindo artistas de diferentes áreas. Como começou esta interação?
Felipe Julián | A interação com outras artes é um dos interesses mais antigos do Axial. Na verdade o projeto surgiu como uma vontade de criar um trabalho de música que não se formatasse como show. O fato é que à medida que fomos desenvolvendo esse trabalho, ele acabou ficando mesmo com cara de show. Pelo menos num primeiro momento. O que ocorreu foi que a interdisciplinaridade ficou mais concentrada nas características do próprio som, muito mais do que no espetáculo. O nosso interesse em dialogar com as artes plásticas se deu, nessa primeira fase, muito mais dentro do próprio som e da maneira como o fazemos do que por aspectos visuais. Mas à medida que fomos amadurecendo esse trabalho musical, ressurgiu a inquietação pela parte visual do trabalho. Aí passamos a trabalhar com o Edu Marin Kessedjian, que é o responsável pela parte gráfica de nossos CDs. Ele passou a experimentar inserir o trabalho dele e de outros artistas em projeções em tempo-real preto e branco, atrás do palco dos shows. O resultado foi muito interessante e então passamos a desenvolver melhor esta história. Agora estamos pesquisando levar os conceitos do Axial para o corpo em movimento. Para isso chamamos a bailarina Lu Favoreto, que é uma grande mestra aqui de São Paulo e estava, coincidentemente, pesquisando coisas mais ou menos parecidas com as nossas. Ela pesquisava o desenvolvimento da linguagem no ser humano enquanto nós pesquisávamos o desenvolvimento das linguagens na história humana.
Vocês vão fazer um show de lançamento do Senóide no palco LAB do Tim Festival 2007, em outubro. Como surgiu este convite?
Felipe Julián | O convite foi feito diretamente pela produção do evento. Sabemos que havia um corpo de curadores que foi publicado oficialmente. Certamente foi através deles que veio o convite.
Quais as principais dificuldades que vocês encontram para levar a música para além do alcance que ela já tem? Está nos planos de vocês vir tocar aqui em Salvador?
Felipe Julián | Sim, está nos planos. Mas não sabemos quando isso vai acontecer. Aparentemente o festival mais adequado para nós seria o Mercado Cultural, mas isso depende de curadoria. Mas andamos bem atentos para ver o que pode rolar por aí, pois já fomos várias vezes à Salvador e adoramos a cidade. Além disso, muito do nosso som vem daí. Se vocês tiverem dicas será muito útil pra gente. Quanto às dificuldades... poderia enunciar muitas. Mas o fato é que a comunidade musical está se organizando, se capitalizando e cada vez as dificuldades são menores. A queda da velha indústria fonográfica abriu espaços e mais espaços para a biodiversidade musical brasileira. Neste momento estamos vendo apenas o começo de uma grande reviravolta na produção e nos hábitos relacionados à música. Mas, para não deixar de citar algumas questões, o acesso à mídia ainda é difícil e quando ocorre costuma ser muito mal feito. Me refiro ao nível cultural dos trabalhadores da mídia radiofônica, televisiva e periódica mesmo. Vocês acham que eu respondi quantas entrevistas bem preparadas e com pessoas interessadas como vocês? Respondendo honestamente: três. Uma pro “Overmundo”, outra pra Eleuda Carvalho e outra pra “Rádio Cultura”, de São Paulo. Agora com vocês já são quatro. Um recorde!
Como foi a escolha de “Cantiga de amigo”, de Elomar, para o repertório do disco?
Sandra Ximenes | A “Cantiga de amigo” é quase que uma coisa que não caberia nesse disco. A gente sempre adorou o Elomar, é uma referência musical muito forte pra mim e pro Felipe. Ele é tão específico, ele tem o universo dele, tão grande e próprio, que a gente estuda, ouve as coisas, escuta, mas parece que, num trabalho com uma linha mais direta e clara como o do Axial, seria impossível ter uma música do Elomar. Mas a gente começou a fazer “O violeiro” em shows, ai começou a pegar “Cantiga de amigo”. Nela o Felipe gravou um piano num estúdio, mas gravou as cordas do piano e parece uma harpa gigante. Esses sons aparecem na nossa gravação. A gente achou que conseguiria colocar essa música no CD porque o Elomar, pra mim, é com se fosse uma transição. Ele achou um lugar muito dele, entre a musica tradicional e a MBP desenvolvida como tal. Então ainda é música tradicional, uma coisa primordial, que a gente gosta muito, e ao mesmo tempo remete à musica antiga. Ele próprio se diz um trovador medieval. É uma coisa que fica sem época definida, é tão brasileiro, é tão baiano, mas ao mesmo tempo é muito universal, o que eu acho que é uma das características do nosso som. Quando a gente viu já era, a gente arriscou colocar no disco e acabou que as pessoas gostam muito. Cada vez que tocamos essa música num show parece que a gente ganha um pouquinho o coração das pessoas, elas se abrem mais pra entender as outras coisas.
E os pequenos cânticos inspirados no candomblé? Como eles foram feitos?
Sandra Ximenes | A gente tem dois cânticos para Ossaim que estão juntos, que eu descobri numa gravação antiga de um terreiro baiano, num disco gravado na década de 30 aqui no Brasil. Os outros três cânticos pequenininhos, Exu, Obá e Oxumaré, são de uma relação forte que a gente tem com um terreiro lá em São Luis do Maranhão, a casa Fanti-Ashanti. A casa é principalmente uma casa de Tambor de Minas maranhense, mas eles também têm o candomblé. Eles tem um CD gravado, “Candomblé do Maranhão”, e eu tenho uma relação forte e pessoal com Pai Euclides. Então pensamos em como fazer isso. A gente pode fazer com as percussões, com a clave, construir... Mas o Felipe teve vontade de fazer esse arranjo para quatro saxofones e voz. Na cabeça da gente é como se fosse uma escultura sonora, tem até muito a ver com a Bahia! Agora que eu estou falando com você, eu vejo quanta coisa tem a ver com a Bahia! Porque para nós essas pecinhas são como se fossem aqueles painéis do Carybé, que são completamente assombrosos de bonitos, que ficam num museu no Terreiro de Jesus [Museu Afro-Brasileiro]. A gente adora essas obras, sempre que eu vou a Salvador eu passo o maior tempo possível lá dentro, a gente tem aqui elas xerocadas, pra ficar olhando. E o Felipe tentou fazer esses arranjos como se fossem uma escultura mesmo, tem muito a ver com o Carybé, na verdade, essas peças pra nós.
Além de Elomar e de cânticos do candomblé, existem outras sonoridades da Bahia que tenham chamado a atenção e o interesse de vocês ultimamente?
Felipe Julián |Há muita coisa na Bahia que nos interessa. Mas o fato é que estamos cada vez mais tentando mergulhar em nosso próprio universo composicional, deixando de usar autores como o Elomar, para usar mais os instrumentos e ritmos da Bahia, de outros lugares e de lugar nenhum. Mas isto são fases.
Vocês têm um envolvimento com meios alternativos de produção e difusão, optaram pelo compartilhamento livre dos discos, fazem parte da cooperativa de música de São Paulo. Por que optaram por este caminho e como você está vendo este momento de descentralização dos meios de produção e difusão da música?
Sandra Ximenes | Nesse sentido da distribuição e difusão, a gente tá vivendo um momento muito especial e muito valoroso pra nós. Digamos que 90% dos músicos brasileiros e do mundo, a gente diria que são alternativos, porque o que está no mainstream, diretamente ligado à televisão, é a minoria. Esse momento é muito especial para todos nós que somos os alternativos, digamos, que faz toda a produção, que está conseguindo gravar CD em casa com mais facilidade porque a tecnologia tá barateando... Todo mundo consegue ter um estúdio caseiro, ou um bom estúdio, a preços mais baratos. Você tem, entre os seus parceiros musicais, pessoas que estão conseguindo gravar. Isso passou pra distribuição, com essa história da internet. O que eu vejo é que a gente consegue achar muito mais o nosso público, a gente consegue fazer chegar a música. Isso sempre foi uma angústia, porque a gente produz e fazer chegar sempre foi a questão. O Axial está inteiro na internet faz tempo, o primeiro disco dá pra ouvir lá, a não ser as faixas que são de autores que não somos nós. A gente licenciou por creative commons as nossas faixas e está disponibilizando por internet as que não têm relação com outros autores. Mas eu nunca tive tanta certeza da minha música estar chegando nas pessoas, porque a gente tem muito retorno por meio do nosso site, por meio do myspace, lastfm, garagespace... Tem muitas opções hoje em dia pra você pôr a música na rua. Isso é o importante né? Acho que sem duvida tem muita coisa pra ser estudada, melhorada, pensada eticamente, esteticamente a respeito dessa disponibilização maior, mas isso só pode ser bom, porque compartilhar cultura jamais pode ser chamado de pirataria. Compartilhar cultura é o melhor pra todos.
Qual a importância de Cooperativas de música como a de São Paulo e como ela ajudou no trabalho de vocês?
Felipe Julián |A cooperativa têm tido uma importância gigantesca pra gente. É fundamental para o profissional da área musical ter estrutura para suas produções e representatividade jurídica. Além disso a cooperativa ajudou a tirar os músicos da informalidade na hora de firmar contratos que precisem de emissão de nota fiscal e essas coisas. É importante porque é democrático e todas as nossas conquistas nela, ficam como um legado para os futuros músicos. Aí o pessoal não tem que camelar desde o zero como nós estamos tendo. Além disso, fomos agraciados com o prêmio Ney Mesquita da cooperativa, que nos permitiu, dentre outras coisas, prensar o nosso segundo disco.
livianery@nacoco.com.br
- Nacocó - Livia Nery


"What sound is it?"

O Duo Axial, formado por Sandra Ximenez, voz e sintetizadores, e Felipe Julián, sons eletroacústicos, acabou de lançar o CD Axial, em produção independente. No menu, canções de escravos do Haiti, um coco paraibano, pontos de candomblé, entre outras raras belezas recriadas de maneira inusitada pela dupla. Sandra também faz parte do grupo etnomusical A Barca, de São Paulo
Axial - que serve de eixo, explica o dicionário. Mas, como definir o que os ouvidos captam ao se tocar o CD Axial? Pressente-se o chão, de onde tudo vem, e o infinito, ao qual tudo se encaminha. Entre as duas pontas, esta corda sensível tangida pela dupla Sandra Ximenez e Felipe Julián. O disco, produção independente distribuída pela Tratore, foi lançado na galeria Olido, de São Paulo, uma semana antes do carnaval. Se ainda não chegou nas lojas por aqui, é só teclar um dos endereços no final da matéria e botar pra tocar estas treze peças raras, que soam coisas conhecidas entranhadas de novidades.

Sandra Ximenez, responsável pelos sintetizadores, voz e arranjos vocais, faz parte do grupo A Barca, que desde 98 caiu na estrada no rastro do poeta Mário de Andrade, que nas décadas de 20 a 40 rodou o País registrando as manifestações culturais do povo brasileiro. Em 1999, A Barca viajou por oito cidades do interior do Pará e do Maranhão, através do projeto Comunidade Solidária do Governo Federal, e por 25 municípios do interior paulista, a convite do projeto Coração dos Outros, baseado na obra de Mário de Andrade e promovido pelo Sesc de São Paulo. A Barca lançou dois CDs pelo selo CPC-Umes, o Turista aprendiz, em 2000, e Baião de princesas, em 2002. Há pouco, o grupo passou pelo Nordeste e fez apresentações em Juazeiro e no Crato, ao mesmo tempo que se encontrou com mestres brincantes do Cariri.

A outra ponta do Duo Axial é Felipe Julián, um argentino com sotaque paulista. É que ele veio para o Brasil criança e, conta, aprendeu a falar português antes do espanhol. Felipe estuda música eletroacústica há cinco anos e é contrabaixista, identificando-se com a corrente que funde o jazz contemporâneo à música erudita. No disco, ele é responsável pelos arranjos, bases e programações. Prepare os ouvidos. O que você vai escutar em Axial não toca nas rádios comerciais nem deve parar nos programas da tevê - ambos, porta-vozes da mesmice e mesmo do mau gosto. Isto aqui é pedra rara.

A primeira faixa, ''Papaloko'', e a quarta, ''Papadambalah'', são canções de escravos do Haiti. Não espere batuques, sinhá. ''Tamanquero'' é um coco paraibano recolhido por Mário de Andrade, durante suas viagens etnomusicais. ''Oriki de Oxum'', música de Sandra Ximenez, traz letra em nagô-iorubá, recriada pelo baiano Antônio Risério. ''Vo Guerê Iemanjá'' faz parte da tradição do tambor-de-mina de São Luís do Maranhão, em versão de seu Bibi, da Casa de Nagô. Também do Maranhão veio a linda ''Torre das Mercês'', das caixeiras da casa Fanti-Ashanti. ''Ana na cacimba'' também vem de lá. ''Oriki de Iemanjá'' é outra música de Sandra, que também inseriu versos em trecho do ponto nagô-iorubá adaptado por Risério. ''Iemonjá'', de domínio público, completa a sequência à Senhora das Águas Salgadas.
Uma das faixas mais surpreendentes do surpreendente Axial é ''Espaço Vazio'', música de Lincoln Antônio (parceiro do grupo A Barca), sobre fala-poema de Stela do Patrocínio, esquizofrênica que viveu na colônia psiquiátrica Juliano Moreira, do Rio. ''Buriti'' traz outro assombro: uma composição eletroacústica de Felipe Julián, sobre pedaços da fala de Zequiel, o que farejou a morte na noite e seguiu seu rastro, do conto de João Guimarães Rosa. ''Cantigas d'água'' foi colhido no reisado da mestra Virgínia de Moraes, de Alagoas. Fechando o disco, ''Sono Bom'', de Felipe Julián e Sandra Ximenez. O disco custa R$ 27,90 e pode ser encomendado através do site dos artistas (www.axialvirtual.com), da distribuidora (www.tratore.com.br ou rodnei@tratore.com.br) e também no endereço virtual da Vila Cultural (livrariadavila@livrariadavila.com.br). Confira como surgiram as canções do CD nesta conversa, via e-mail, com Sandra Ximenez.

O POVO - Antes de comentar as canções de Axial, queria que você contasse como foi a última viagem da Barca por estes lados de cá, lá pelo Cariri sagrado. Esta recolha deu motes para seu próximo trabalho solo?
Sandra Ximenez - A viagem da Barca foi uma avalanche de informações que vamos ficar digerindo por muito tempo... tanto no que tange a usar esse material dentro da própria Barca, quanto para os usos individuais. Passamos por 22 cidades, conhecemos muitos artistas, registramos umas 300 horas entre fitas digitais e áudio. No próximo trabalho do Duo Axial sem dúvida vão aparecer os ecos desse material. Acho que ele estará presente em algumas canções escolhidas e trabalhadas mas também na inspiração à composição que uma viagem destas pelo Brasil pode trazer: o contato com a terra em si mesma e com a criatividade e necessidade artística dos mestres que encontramos não é pouco!

OP - O trabalho da Barca se assenta nesta raiz generosa da cultura popular brasileira, e quando dizemos brasileira falamos ao menos de boa parte do mundo, dada a nossa bela mestiçagem. Em Axial, você e Felipe tomaram com carinho e respeito esta base para fazer algo novo e muito lindo. Como é o processo de escolha das composições? E o de intervenção sobre elas?
Sandra Ximenez- É assim mesmo como você sentiu. Tivemos necessidade de personalizar muito a sensação e a emoção com o material tradicional. Esse processo de escolha e intervenção acho que é muito guiado pela intuição, pelos instintos mesmo. As canções são escolhidas assim e foram passando por um filtro que acabou focando os elementos ''ar'' e ''água'', incluindo arquétipos relativos a eles e outras associações. As músicas tradicionais geralmente chegam a nós apenas com melodia e ritmo. Aí começamos a colocar uma harmonia, acordes, e depois disso vamos acrescentando sons que combinem com eles, sejam de instrumentos ou outras coisas gravadas, como copos de cristal, ruídos diversos. O Felipe entra muito nessa parte misturando arranjos para cordas com uma cenografia sonora para que consigamos re-ambientar essas músicas.
OP - Podemos juntar aqui as duas faixas que são cantigas de negros escravos do Haiti, ''Papaloko'' e ''Papadambalah'' - na qual você mescla o créole e o francês. Como você chegou a estas canções? Achei muito interessante a contenção nos elementos percussivos, construindo uma atmosfera íntima e minimalista. O que tornou ''Papaloko'', em particular, uma peça inusitada.
Sandra Ximenez - Conheci as duas canções num disco de uma cantora do Haiti chamada Toto Bissainthe. Fiquei extremamente seduzida pela sonoridade do idioma. Também achamos que valia a pena colocar duas canções, e não apenas uma, por tudo o que o Haiti está passando historicamente e apesar disso produzindo coisas tão lindas, também (como no Brasil, em Cuba) fruto da diáspora negra pelo mundo.

OP- Ah, este coco da Paraíba, catado pelo Mário de Andrade! Este povo brasileiro é genial mesmo, não? Do que lhe falta - como um par de calçados - ele faz esta belezura que é ''Tamanquero''. Tem uma oração, ao fundo...
Sandra Ximenez - É, tem uma oração que é o pedido de um par, uma companhia... Essa foi a primeira cantiga tradicional que eu cantei, antes da Barca, quando dois amigos me mostraram o livro dos cocos do Mário. Na época eu nem entendia o contexto da cultura popular mas me apaixonei pela canção.
OP- ''Espaço vazio''. Palavras de Stela do Patrocínio, que foi interna de um hospital psiquiátrico. Que força poética, a desta mulher de psique fragmentada, nomeando pedaços do corpo, numa tentativa de recompô-lo. O interessante é que o que poderia revelar apenas dor e exclusão, vira algo tão lúdico e de saída improvável, como este negócio de tomar vitamina.
Sandra Ximenez - É isso aí. A Stela tem coisas maravilhosas e geniais e cada uma mais surpreendente que a outra. O Lincoln, que é o pianista da Barca, está compondo muitas músicas com as falas-poemas da Stela (que estão editadas num livro). Ele chama de ópera o conjunto das canções. São maravilhosas, e essa me chamou a atenção em especial.
OP- ''Torre das Mercês'', outra pedra preciosa da sua botija musical. Fala um pouco de sua experiência com a espiritualidade da casa Fanti-Ashanti.
Sandra Ximenez - A grande experiência com a Fanti-Ashanti, pra mim, é o contato com o Pai Euclides e suas irmãs, Dindinha, Zezé e Graça Menezes. Ele é um líder comunitário e religioso de muita força, mas não fica só nisso. Ele tem plena consciência da importância cultural do que eles têm guardado com tanto respeito e apuro (tem um longa chamado Atlântico Negro - na rota dos Orixás, em que uma equipe compara os rituais na casa de Pai Euclides e numa casa do Benim e a semelhança é absurda, como se fossem casas vizinhas em uma aldeia africana...). Então ele sabe dialogar também conosco, os artistas. Não é preciso ter a mesma fé ou prática religiosa pra que Euclides entenda a nossa aproximação: basta ele entender que fazemos tudo com um enorme respeito e com necessidade artística e cultural.

OP- O texto do Guimarães Rosa, dito por você, assim fragmentado, assim como uma voz bipartida, mais os sintetizadores criando este ambientação de um sertão maior e além... Sei não! Sempre que eu ler de novo o Rosa, ''Buriti'', a canção, vai estar presente.
Sandra Ximenez - Que legal. Isso acho que se deve à grande sensibilidade e originalidade do Felipe ver a música. Estávamos lendo esse texto juntos e percebemos que esse personagem, o mestre Zequiel, obcecado pela audição, era perfeito pra nos ajudar a propor ao público uma nova maneira de usar a escuta.

OP- Outra faixa inspirada na musicalidade da casa Fanti-Ashanti do Maranhão, ''Ana na cacimba''. Outra vez o povo fazendo seu milagre de arte a partir do banal e do cotidiano.
Sandra Ximenez - ''Ana na cacimba'' foi gravada no Baião de princesas, que a Barca gravou com o pessoal da Fanti-Ashanti. É a primeira música que eu trouxe ao Axial, com a quietude da água profunda, guardada.
OP- Vamos aqui juntar as três faixas à Senhora das Águas. Esta do tambor-de-mina, de seu Bibi (como é que esta lindeza de pretos vai me fazer lembrar cantigas sefarditas? Nem eu sei, mas do Maranhão me transportei a uma Península Ibérica anterior ao século 15). ''Vo guerê Iemanjá'', ''Oriki de Iemanjá'' e ''Iemonjá''. Mantras, fluidos, véus, espumas. Corais.
Sandra Ximenez - Você já está interpretando tudo e nos devolvendo significado. Realmente tem grande presença da água salgada, na figura de Iemanjá: o oceano é a geração da vida, é o essencial, coisa que buscamos no Axial.

OP- ''Cantigas d'água'', um coco ou um xaxado, um ritmo mais acelerado em contraponto às suaves dissonâncias que pontuam Axial. Lembro agora de uma faixa do Mestre Ambrósio, que é um ponto do catimbó, e que está aí nesta faixa de vocês: ''em terra estranha, pisa no chão devagar''.
Sandra Ximenez - Essas quadrinhas, às vezes pedaços de quadrinhas, versos soltos com rimas diferentes, acabam sendo recorrentes em vários gêneros populares. Às vezes ouvimos um batuque aqui do sudeste e encontramos depois a mesma quadrinha no Maranhão, no Pará... É inacreditável, mas esse âmbito do tradicional tem uma coerência impressionante. Como você comentou na pergunta anterior, acho que muito dessa ligação é a relação com Portugal que dá. Às vezes parece que tudo é África e povos indígenas, mas é um grande engano pensar assim: Portugal tem grandíssima presença, às vezes quase que integralmente, em manifestações como a Chegança, por exemplo.
OP- ''Sono Bom''. O disco fecha com uma faixa feita pelos dois. Olha, depois deste sonho que é o CD todo, só mesmo um sono bom pra gente tocar tudo de novo e de novo e de novo. O som é encantatório.
Sandra Ximenez - Temos vontade de que esse material tradicional nos inspire e ensine muito pra, aos poucos, conseguirmos compor melhor. Neste CD tem umas pequenas experiências, como esta faixa








- O Imparcial


"A new axis on music"

Surgido como uma proposta de união entre elementos tão diversos como a literatura, a sonoridade eletroacústica, a cultura popular e a valorização étnica, o projeto Axial se vale da tecnologia atual para fornecer uma conexão única entre estes elementos e valorizar antigas tradições, revestidas de uma nova roupagem, ideal para os tempos atuais. Tudo de modo criativo e inesperado. Seu núcleo é formado por Felipe Julián e Sandra Ximenez, além da colaboração do clarinetista Leonardo Muniz Corrêa.

O grupo, baseado em São Paulo, começou a trabalhar em 2003 e, já no ano seguinte, lançou um disco que, segundo o próprio Julián, teve uma aceitação surpreendente. “O disco foi gravado todo em nossa casa (eu e a Sandra somos casados) com recursos bem humildes. Tínhamos apenas um microfone, uma placa de som mediana e um computador razoável. Mas em compensação tivemos muitas horas pra experimentar e arriscar”, explica Felipe, que ainda acrescenta um pouco sobre a miscelânea sonora do material: “Muitos dos sons ouvidos no disco são objetos nossos como copos e taças de vidros. Alguns outros sons e trechos de músicas haviam sido produzidos anteriormente no famoso Estúdio Panaroma de Música Eletroacústica (FASM/UNESP), quando tive a feliz oportunidade de estudar composição eletroacústica com Flô Menezes e Ignacio de Campos”. Para quem não atentou ao primeiro nome citado por Julián, Flô Menezes é, provavelmente, o maior nome da composição eletroacústica nacional, fortemente influenciado pela música de Stockhausen.

Estudo e pesquisa estão em conjunto no trabalho do Axial. Também Ximenez imergiu em extratos tão diversos como a sonoridade dos Iorubá, os cocos paraibanos, canções de escravos haitianos e as letras de nomes como Mario de Andrade e João Guimarães Rosa. O resultado: uma riquíssima amálgama sonora que envolve o público que assiste aos shows produzidos pelo grupo. Para ampliar tal envolvimento, a experiência auditiva inclui um sistema de som quadrifônico, ou seja, com a utilização de quatro canais independentes de som. Este sistema permite um envolvimento mais completo do público, que possui uma sensação sonora muito mais rica do que no tradicional sistema estéreo.

Antes mesmo das licenças Creative Commons serem disseminadas ao grande público, Julián já tinha tido, com uma trilha sonora de sua autoria, chamada Urbanogramas, uma experiência de livre disseminação da obra. Ela foi projetada para ser usada por quem quisesse, para a criação de obras derivadas, o que de fato ocorreu: as músicas embalaram espetáculos de dança, peças de teatro, vídeos e como trilha ambiente para exposições e aulas de dança. As licenças CC foram, para o músico, a descoberta da expressão formal de que mais pessoas no mundo pensavam em algo igual ao que ele havia proposto.

Por isso mesmo, não teve dúvidas em licenciar o disco de estréia do Axial com a licença Share Alike (compartilhamento pela mesma licença). Afinal, para o grupo, havia muito mais a ganhar compartilhando o acesso à obra do que privatizando-o. “Acredito ideologicamente que não tenho o direito de privatizar o acesso a minha obra intelectual.”, expõe Julián, para, em seguida, instigar: “O que dizer então de Tom Jobim? Não deveríamos tratar Tom Jobim como domínio público? Não é isso que ele é? Não é um absurdo que o “Antônio Brasileiro”, símbolo máximo da MPB tenha a maior parte de suas obras privatizadas por uma empresa estrangeira? É como se as praias do Brasil fossem propriedade da Disney”.

A liberdade de distribuição musical, no entanto, é apenas um aspecto do Axial. Mas também pode se destacar a ampliação do acesso à cultura, em suas mais variadas formas, condensadas em termos sonoros. Um dos maiores exemplos é o fato do grupo trazer ao público a sonoridade da etnia africana Iorubá. Para isso, não apenas os shows e os discos, mas também a tecnologia contribui decisivamente.

Ainda assim, o Axial não sobrevive da expropriação dos direitos das obras que agrega, mas, sim, do seu trabalho árduo de divulgação, seja através dos shows, seja por meio de oficinas e, claro, da venda dos CDs. Julián, no entanto, enfatiza que este último item dá um retorno irrisório, que até hoje não cobriu os custos de produção: “Temos muitos convites para realizar oficinas de canto, produção musical, trilha sonora, audiocenografia música e tecnologia etc. E aí, destas oficinas, surgem trabalhos como produções cenográficas etc. De fato vivemos da música”, orgulha-se Felipe.

Apesar de não haver um público definido, nota-se um grande interesse de pessoas ligadas à dança que apreciam o universo musical do Axial, que tem muitos trabalhos desenvolvidos em conjunto com parceiros como o Sesc e a prefeitura paulistana. Seus álbuns são distribuídos nacionalmente pela Trattore, selo independente que congrega muitas iniciativas musicais interessantes. Julián, quando fala dos apoiadores do projeto, também destaca a Rádio Cultura paulista, o Overmundo e o portal Last-FM, no qual as músicas do grupo são bastante executadas. Mas a necessidade de outras parcerias, maiores e melhores, é apontada como uma necessidade para o crescimento do projeto, bem como as relações interinstitucionais. “Mas, sem dúvida, precisamos ser mais articulados politicamente”, destaca Julián, lembrando que a mídia musical dá pouco destaque a sonoridades que enfatizem uma identidade nacional.

Quanto à possível incongruência entre as músicas distribuídas no site do Axial serem as mesmas comercializadas em CD, o músico faz questão de explanar sobre o assunto: “Quando apresentei o CD para a Tratore analisar se o iria distribuir ou não, as faixas já estavam liberadas via CC e isto estava explicito no CD. Portanto, podemos concluir que eles têm interesse em vender, mesmo as faixas sendo distribuídas gratuitamente. De qualquer forma, há uma cláusula que me impede de distribuir gratuitamente o conteúdo em sites que não sejam o do próprio grupo. Assim sendo, respeitamos esta cláusula distribuindo apenas em nosso site, mas não impedimos a liberdade de compartilhamento entre os ouvintes. Se quiser compartilhar pode. É claro que isto só está funcionando desta maneira porque o pessoal da Trattore é esperto e de vanguarda. Eles sabem que isto é bom pra eles”. É fato que as relações de comércio envolvendo música digital ainda estão sendo definidas, não por imposição do mercado, mas por tentativa e erro. “A opção tem que ser do usuário e não do vendedor”, lembra, acertadamente, Felipe.

O Axial, apesar de existir de fato, não existe juridicamente. Os componentes do grupo, no entanto, são filiados à Cooperativa de Música de São Paulo, que é o órgão que presta assistência jurídica a eles. Graças à cooperativa, os músicos associados têm conseguido direitos importantes, como a apresentação de nota fiscal própria para os contratantes, o que possibilita o profissionalismo da categoria e a tira, aos poucos, da situação notória de informalidade que existe hoje no país. Além, claro, da organização política que surge a partir de uma cooperação entre membros de uma mesma classe artística: “A Cooperativa tem hoje mais de 800 membros, dentre eles corpos estáveis inteiros que vêem nesta organização uma chance de batalhar contra a política de sucateamento da cultura que o Alckmin praticou durante seus mandatos e assim, evitar o encerramento das atividades”, diz Julián, certamente sem esquecer que o atual governo estadual é do mesmo partido de seu predecessor.
Mas levar o Axial ao conhecimento do público é tarefa hercúlea. Há poucos recursos para se pensar em estratégias de divulgação. O trabalho acaba sendo, mesmo, de formiguinha: quando há shows maiores, é possível destinar uma parte do dinheiro para uma assessoria de imprensa, por exemplo. Mas os esforços de divulgação acabam sendo evento a evento e, para isso, a internet ajuda muito. Além do Last-FM, uma área no My Space também agrega músicas do Axial. Também a divulgação para formadores de opinião espalha, quase como um marketing de guerrilha, as idéias do grupo. Isto faz com que, aos poucos, o verdadeiro público do Axial surja, por acreditar e gostar da sonoridade do conjunto, não pela insistência de rádios em tocarem tanto algo que acaba se acostumando com o som. Existe uma necessidade de mudança de paradigmas, como insiste Julián, e esta envolve a consolidação dos conceitos difundidos pelo Axial, escapando do jogo sujo dos jabás e afins.
Para que, no final, o público que se pretende formar chegue ao som do Axial, retorna-se à distribuição musical: gratuitamente no site, via CDs distribuídos pela Trattore ou por meio do CDVirtual, uma espécie de streaming link que é bem leve e pode ser anexado a qualquer e-mail, permitindo que qualquer um com conexão de internet tenha acesso ao conteúdo integral dos discos do grupo. A disseminação poderia ocorrer com o apoio da mídia estabelecida? Talvez, mas Julián não sabe até que ponto determinados veículos de informação são interessantes para o Axial. O fato é que, hoje, há a consciência de que, por mais inserções que os músicos consigam, será aquém de quem possui o apoio de grandes gravadoras.

Felipe Julián acalenta o sonho de ver seu público envolvido com a produção e a promoção do Axial. Tanto que o projeto do novo site, que prevê maior interação com os usuários, está em andamento. Mas, novamente, ele aponta a necessidade de parcerias que viabilizem novos sistemas de distribuição e seleção musical. Talvez seja um caminho para que saiamos deste circuito de colonialismo cultural norte-americano, que, para o músico, é um problema muito mais sério do que se ficar pensando em coisas como concorrência com outros músicos ou projetos.

Falando em colonialismo, o tema volta à toda quando o assunto é tecnologia. Afinal, somos dependentes dela, tanto em conceito como no ferramental. O grupo Axial acredita que a tecnologia é o seu eixo, mas num sentido muito mais amplo do que computadores e traquitanas digitais. Estas últimas são mais instrumento de dominação dos detentores do meio de produção do que qualquer outra coisa. E a solução provavelmente seria produzir tecnologia, ideário e implementação prática, completamente identificada com os problemas enfrentados no nosso dia-a-dia, não encaixar tecnologia importada e adaptá-la. Mais ou menos como diz o ditado: a emenda costuma ficar pior que o soneto.

Para manter o Axial em atividade, são necessários cobrir os custos de produção de shows, prensagem de CDs, impressão de folhetos, aluguel de estúdio, compra e manutenção de equipamento. “A TAM acabou de quebrar um case meu e está se recusando a pagar”, alfineta Julián. Apesar de não existirem dados reunidos sobre as receitas do grupo, a iniciativa assume que não há regularidade na remuneração dos participantes. O que existem são dados mais palpáveis e imediatos: mais de 1700 CDs vendidos, 775 airplays na Last-FM, 4 horas totalizadas de transmissão de rádio, 34 shows realizados e quase 1200 visitas no MySpace. Quanto à regularidade de receita, a sustentabilidade seria atingida com uma média de dois shows mensais, com cachê total de R$ 4 mil, para poder existir dedicação total ao Axial.

Para atingir este objetivo, o trabalho continua: o segundo disco está sendo concluído e também há um projeto novo, chamado Primeiro Pretérito, que envolve outras mídias numa ocupação de um andar do antigo SESC Avenida Paulista, hoje em reformas. "Além disto há um documentário artístico sobre arte e tecnologia que será realizado como um making of deste espetáculo. Neste filme serão entrevistadas algumas pessoas com as quais tive contato nos últimos tempos e que eu considero que tenham uma visão interessante da relação arte e tecnologia", acrescenta Julián.

O caminho, porém, tem algumas pedras: a falta de capital de giro, a falta de um circuito de locais para shows e a dificuldade para se comunicar com o público, devido às barreiras da mídia institucionalizada. O que não impede Julián de pensar no futuro:
Gostamos de viajar e conhecer outras culturas dentro e fora do Brasil. Mas principalmente gostamos de ter o prazer de tocar para pessoas que nem imaginam o que vão ouvir. Para tal estamos nos inscrevendo em diversos festivais internacionais e contamos com uma pequena ajuda quase que filantrópica de uma querida produtora em Berlim. Por meio dela estamos tentando o circuito de festivais europeus".

Este mesmo futuro, para ele, tem uma produção musical que segue, apesar do crescente discurso de falência de uma indústria corrompida como a musical: "A música é mais velha que o dinheiro e certamente perpassará esta era mercantil. Não é a musica que não pode viver sem lucro, é o lucro que foi descuidado e perdeu a música já faz alguns anos", analisa Julián, que arrisca especular que os dias que virão trarão CDs com baixa tiragem, download pago de música a preços justos (como R$ 0,30 o fonograma) e mídias portáteis, como celulares, como o novo ganha-pão dos tubarões fonográficos de hoje. Mas, principalmente, arrisca predizer uma revolução no conceito de propriedade intelectual: "Se isto ocorrer, veremos finalmente uma alternativa ao processo de mercantilização das relações sociais e uma série de paradigmas será revista. No decorrer deste processo, muita gente vai se indignar e pressionar as instâncias políticas. Se estivermos representados de forma não verdadeiramente democrática, correremos o sério risco de transformar a Internet em uma nova televisão. No caso contrário teremos iniciativas como o open business, o share alike, e muitas outras constituindo uma nova realidade. Gostamos da Internet e destas iniciativas porque elas prescindem da política e isto tem sido fantástico para nós. Mas me pergunto se teríamos acesso a tudo isto se tivéssemos ainda ministros da cultura como os que antecederam o Gilberto Gil? Não podemos esquecer da política".

Para quem vem com projetos como o Axial, o músico alerta que, para uma produção bem-feita, é necessário dar-se o tempo. Maturar. Ele indica a leitura de Cultura Livre, de Lawrence Lessig (disponível no site do Axial para download gratuito) e recomenda a indignação com a privatização do bem público e que se desligue a tevê.

Para saber mais sobre o Axial e sua obra, basta acessar www.axialvirtual.com
- OVERMUNDO


Discography

CD: 2004 - AXIAL
(more than 4 hours of radio plays on specially dedicated programs) Licenced under a Creative Commons Licence

CD: 2007 - Senóide Licenced under a Creative Commons Licence

DVD - Projeto Pixinguinha 2007 (plus Elomar)

DVD - Projeto Rumos 2008 (Itaú Cultural)

CD - SiMBiOSE 2012

Photos

Bio

Much more than mix, the show AXIAL intends to connect art and ideas through music. The members of AXIAL presents a show which suggests new ways of listening, joining electronic and electroacustic music, world music, literature and technology. This connection inspires the audience to rediscover the capacity to listen in a creative way. A new language inspired by ancient tongue. Inspired by Sandra Ximenez's ten years of etnico-musical research, the repertoire intermixes the group's original compositions with recriations of traditional music from Brazil, Haiti and Africa. Why we are able to understand music sung in a unknown language? Where is the meeting point between traditional and contemporary? The union between art and technology may even not be of such great importance to art but it will certainly be fundamental for technology as a way to allow it to have more human features and to present it as a playful object and not only as a tool. The artistic initiatives that, like Axial, make use of computerized resources somehow contribute to the formation of a society whose creative interests are not only intended to generate wealth. Our aim is to propose an interdisciplinary esthetical dialogue between music and other forms of plastic arts manifestations such as painting, web-art, sculpture, performance or installations so as to create a special and visually oneiric universe for these songs.

Axial had played at: Germany, Czeck Republick, TIM Festival, Porto Musical, Interarts Festival, FMI Festival and many other venues in Brazil.