BaianaSystem
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Salvador, Bahia, Brazil | SELF

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"O Estado de São Paulo"

Faz quase 70 anos que Dodô e Osmar (Adolfo Nascimento e Osmar Macedo) tiveram a ideia de acoplar um captador a um violão, eletrificando e amplificando o som de suas cordas. Esse foi o protótipo do que décadas depois passou a se chamar guitarra baiana. Espécie de cavaquinho turbinado, criado a princípio para resolver um problema de microfonia nos shows, o instrumento ganhou as ruas com a invenção do trio elétrico, pela mesma dupla, em 1950. Essa parte da história todo mundo que se interessa por música baiana e brasileira conhece.

Ouça. Trecho da faixa Systema fobica no portal

Só que depois que o virtuoso Armandinho Macedo, filho de Osmar, colocou mais uma corda na guitarra baiana e a levou para o universo do choro nos anos 1970, com o grupo A Cor do Som, nada muito mais significativo aconteceu com ela, ficando restrita ao carnaval de Salvador. Mesmo assim, de uns 20 anos para cá, um tanto diluída no turbilhão da axé music. Agora, ampliando iniciativas de artistas como Lucas Santtana e as bandas Lampirônicos e Retrofoguetes para revitalizar o instrumento, o guitarrista Robertinho Barreto vai fundo na questão e o recoloca na linha de frente.

Eis que surge o sensacional trio BaianaSystem, que moderniza e amplifica o alcance e as possibilidades da guitarra baiana, fazendo conexões com dub jamaicano (daí o system, dos sistemas de som), timbres de guitarra e levadas angolanas, naia bing (ritmo originário de uma tribo da Etiópia, que serve de base do hip-hop e da batida afro-jamaicana), kuduro, dancehall, ragga, hip-hop, guitarrada paraense e o som limpo das cordas da chula do Recôncavo Baiano.

Bahia, Jamaica. Contudo, o trio ( que também é elétrico), como Lucas Santanna, uma de suas influências, não nega sua vocação carnavalesca, anterior ao advento da axé music. "A estética do sound system é muito próxima da estética do carnaval de rua daqui, se você pensar no trio elétrico como um sound system andante", confirma Robertinho, ex-Lampirônicos. "E os blocos afros, como Filhos de Gandhi, por exemplo, é um pouco dub na rua, porque eles usam delay na voz, usam reverb, e a guitarra baiana sempre esteve ali."

Entre as 13 faixas do CD BaianaSystem (independente), essa fusão de linguagens e conexões são bem representativas em O Carnaval Quem É Que Faz?, FrevoFoguete (ambas com vocal de Lucas Santtana), e Systema Fobica (Ubaranamaralina) (fobica era o nome do calhambeque com alto falantes que deu origem ao trio elétrico), que unem Dodô e Osmar e Moraes Moreira (com a citação de Eu Sou o Carnaval) às novas expressões baianas de influência afro-jamaicana.

"Nos Lampirônicos a gente já usava guitarra baiana fora do contexto em que ela já vinha. Mas daí veio surgindo um repertório inédito composto a partir dela", diz Robertinho. "Trabalhando com Ramiro Musotto (importante percussionista argentino radicado na Bahia, morto em setembro de 2009), já comecei a experimentar o instrumento com outros elementos. Então veio esse formato do BaianaSystem, com a timbragem da guitarra baiana em alguns momentos próxima do original, mas também experimentando outras coisas."

A banda é formada por Robertinho, Marcelo Seco (baixo e programações) e pelo MC Russo Passopusso, que o guitarrista trouxe do Ministério Público, famoso sistema de som baiano. Além deles, há participações do paraibano Chico Corrêa (efeitos), de Gerônimo (vocais em Da Calçada pro Lobato, tributo ao paraense Pio Lobato), Roberto Mendes (voz em Nesse Mundo), Letieres Leite, B Negão e o já citado Lucas Santtana. Buguinha Dub, parceiro de Lucas, fez dois ótimos remixes.

Novos baianos. Lucas exalta a criação de Dodô e Osmar ("acho o trio elétrico uma das grandes invenções tecnológicas do século passado; ao que veio a se prestar é outra história"), mas ressalva: "No entanto, a guitarra baiana ficou aprisionada nesse universo de Armandinho, Dodô e Osmar, no repertório dos frevos modernos, que são geniais e muito ricos musicalmente falando. Mas acho que todos estavam sentindo falta de ouvir algo que trouxesse frescor para esse universo. E o projeto do Beto acertou nesse caminho. Muitas informações foram anexadas a esse universo. E isso foi feito sem precisar negar o passado, o que é mais bonito ainda."

A revelação baiana Marcia Castro, que não está no disco, mas já cantou em shows da banda, endossa: "Com o BaianaSystem a guitarra baiana, tão desvalorizada, voltou ao lugar central da música, provocando interações e não subtraindo os signos de baianidade. Mas trazendo a música baiana para uma realidade contemporânea por meio dessas misturas, não só musicais, mas na própria poesia, na palavra, no discurso."

O DJ Patrick Tor4, entusiasta de primeira hora do BaianaSystem, lembra que desde que a axé music passou a dominar o cenário, os novos artistas de Salvador que não se identificavam com aquele estilo se retraíram. "O artista pop baiano se viu tão oprimido pela fórmula do sucesso do axé que nem sequer conseguia fazer nos anos 90 algo que flertasse com a - Lauro Lisboa Garcia


Discography

BAIANASYSTEM, 2010 - Garimpo Música

Photos

Bio

BAIANASYSTEM

BaianaSystem explores new sound possibilities for the guitar of Bahia. The instrument-popularized in Salvador’s Carnival -is rescued by the group with influences of Brazilian, African and Jamaican cultures. In the hands of the creator of the project, Robertinho Barreto, the little guitar harmoniously dialogues with the sounds of Africa and with the freedom of psychedelia of the dub. The instrument is renewed and interacts with the bases worked and mixed by João Meirelles. In every song produced by the group there are insertions of sounds and effects with freedom for improvising.

The vocal is also special. In the voice of Russo Passapusso, BaianaSystem explores new pitch possibilities and interaction with the production of rhythmic bases of the sound systems. This language and the "collage" philosophy of the sound systems, which rebuilds from what already exists, become the group's challenge.

BaianaSystem has a visual design conceived and carried out by Filipe Cartaxo. In all materials produced for the band, Filipe explores art work as a reference to popular manifestations of Bahia, such as carnival and other street festivals.

All this sound inventiveness can be seen in the eponymous debut album of the group in which BaianaSystem sings about the city and its nuances of everyday life. The album was widely accepted by the general public and the media. They have already participated in projects within and outside the country, in Shangai, Dinamarca(Womex) and have been supported by editors such as Conexão Vivo (2010 and 2011), Caixa Cultural (2010) and Oi Futuro (2011). The base of the group are being prepared by the group made up by guitarist Robertinho Barreto, the vocalist Russo Passapusso , the base player and producer of the album Marcelo Seco, the percussionist Wilton Batata and the DJ João Meirelles (mix dubs and bases). For more information visit: http://www.baianasystem.com