cineMuerte
Gig Seeker Pro

cineMuerte

| MAJOR

| MAJOR
Band Rock Alternative

Calendar

Music

Press


"Revivalistas Vindos do Futuro"

Recordo-me com clareza do primeiro contacto com CineMuerte. Estávamos no ido ano de 2004 e tinha acabado de adquirir o Sampler da editora Raging Planet. Numa altura em que a internet ainda não conhecia as ferramentas que conhece hoje para a divulgação de bandas, termos acesso a samplers de editoras era a melhor forma de sabermos o que havia de novo no cenário undergound nacional. A música que representava os CineMuerte era «Stuck in a Moment» (retirada do primeiro álbum da banda «Born From Ashes», que viria a sair apenas em 2006) e permitia ver já nesta banda oriunda de Lisboa uma promessa das sonoridades mais pesadas em Portugal.

Cerca de 7 anos volvidos, os CineMuerte continuam no activo, demonstrando um amadurecimento enquanto projecto musical como poucos chegam a conhecer em Portugal, não perdendo no entanto a essência que já em 2004 os caracterizava e me fez andar a cantarolar a música do Sampler no caminho casa-escola-casa.

Prova deste amadurecimento é o novo álbum, «Wild Grown», chegado no dia 6 de Junho às lojas e disponível internacionalmente através da Sony Music. Este é o terceiro longa duração, embora seja o primeiro em registo banda. Inteiramente gravado nos Generator Studios, em Sintra (local onda já haviam gravado o anterior álbum «Aurora Core»), a mistura e masterização dos 10 temas que compõem este trabalho esteve a cargo de Beau Burchell, o conhecido produtor americano e músico dos Saosin (Los Angeles, Califórnia).

A verdade é que depois de dois trabalhos (e algumas participações em compilações e tributos a outras bandas) muito bem recebidos pela crítica especializada e especialmente pelos fãs, a tarefa a que os CineMuerte se propunham não era fácil. Com a concepção de um sucessor ao seu último trabalho, havia a responsabilidade de manter a qualidade a que nos habituaram. Ora, aquela que é uma missão impossível para muitos músicos pouco experientes, parece ter sido superada com naturalidade por parte dos CineMuerte. «Wild Grown» é, desta forma, um disco coeso e maduro, não deixando no entanto de ser directo, energético e determinado, numa muito bem sucedida tentativa de criar um equilíbrio perfeito entre poder vocal e instrumental. A voz de Sophia Vieira é melodiosa, ainda que potente, cheia de força mas capaz de momentos mais carregados de sentimento. Quando se canta neste registo, cai-se por vezes em erros originários em exageros … este não é um desses casos e se há algo que a voz de Sophia nunca é, é ser dolorosa de ouvir.

A música, essa enquadra-se na voz de Sophia como se de um jogo de Tetris em que só caem quadrados se tratasse. Ou seja, a harmonia é total e voz e música completam-se na perfeição, não sendo possível dizer que uma se sobrepõe à outra. Os próprios CineMuerte assinalam pretender “um álbum orientado para um rock orgânico, mais próximo do som tocado ao vivo, com menos recurso a efeitos tecnológicos nos pós produção”. Esta não parece ser no entanto a única diferença em relação aos álbuns anteriores. Se estes eram marcados por um ambiente melancólico e obscuro, por vezes quase gótico, este «Wild Grown» parece mais despido desses sentimentos, sendo antes caracterizado por uma carga mais positiva, uma força menos obscura e não raras vezes carregada até de uma certa sensualidade. A banda prova assim ser capaz de fazer outra coisa que não apenas “mais do mesmo” (o que já era, diga-se, bastante bom), o que só prova o talento dos membros da banda, assim como uma excepcional capacidade de gestão de carreira e maturidade artística.

Outra nota digna de registo prende-se com o facto de este não ser um álbum de um single ou dois. A escolha deste, ainda que nada censurável, poderia ter ido com igual facilidade para qualquer outra das nove faixas. A primeira música – «To Be You» – depois de uma rápida intro, marca desde logo o passo para o que se avizinha: músicas com o peso certo, melodias quanto baste e uma voz cativante. O single escolhido para apresentação do disco – «On The Wild Grown Grass» – é uma música que define bem o disco. Com um refrão catchy e partes pesadas deixa até o mais distraído dos ouvintes num movimento constante, um misto entre o headbang e uns passos de dança. Guitarras, Baixo, Bateria, Teclas e Voz enchem as ondas sonoras numa perfeita sintonia. Destaque ainda para a música que se segue – «Stealing Light» – mais rockeira e arrojada e com a voz de Sophia a atingir um registo mais épico, alternando depois para trechos mais melodiosos. Embora descrito possa parecer confuso, com a audição apercebemo-nos que a transição entre cada momento é feita de forma positiva. As últimas duas músicas – «One And Only» e «Myself» – fecham este novo capítulo da vida dos CineMuerte e deixam saudade. Felizmente o software que uso para ouvir música tem uma função que permite repetir todo o álbum, pelo que a despedida acaba sempre por ser apenas de alguns segundos, até voltar de novo à primeira faixa para mais uma audição de um disco que embora nos cative desde logo, ainda assim consegue ir ganhando mais beleza a cada nova vez que nos passa pelos ouvidos.

Em jeito de conclusão, «Wild Grown» é um cd obrigatório para os fãs do rock nacional, ainda que cantado em inglês, nada ficando a dever ao que de melhor se faz lá fora. - Ilicito MAGAZINE


Discography

2011 Wild Grown (album)
2010 Slightly mad (Tribute compilation – Goth n’ Rock)
2009 Kim Wilde "Kids in America" cover (Tribute compilation - Metropolis 79-89: Tribute to the 80's) Raging Planet, Metropolis Club and Chaosphere Recordings
2008 Aurora Core (album) Raging Planet
2007 Mão Morta " Chabala" cover (Tribute compilation) Raging Planet
2006 Born From Ashes (album) Raging Planet
2005 Misfits "Where Eagles Dare" cover (Tribute compilation) Raging Planet
2004 The Cure "Close to me" cover (Tribute compilation - Our Voices: A Tribute to The Cure) Equinoxe Records
2004 Raging Planet Sampler, A new breed of rock

Photos

Bio

Currently at a loss for words...