Mario Lucio
Gig Seeker Pro

Mario Lucio

Praia, Praia, Cape Verde | INDIE

Praia, Praia, Cape Verde | INDIE
Band World Acoustic

Calendar

Music

Press


"Mário Lúcio Sousa: Em busca do 'espaço crioulo'"

"Não sei fazer outra coisa além de criar", diz o escritor e músico cabo-verdiano que no sábado, 9, apresenta em Portugal O Novíssimo Testamento, vencedor do Prémio Literário Carlos de Oliveira 2009, e o novo álbum, Kreol. O JL falou com o autor sobre um percurso de vida que passa pelo jornalismo, por um curso de Direito em Cuba e por cinco anos como deputado no seu país, de que hoje é "embaixador cultural".

"Sinto que nasci para criar: mais do que uma dádiva, é um karma", afirma Mário Lúcio Sousa (MLS), 45 anos, escritor, compositor, multi-instrumentista. Nascido no Tarrafal, ilha de Santiago, Cabo Verde, desde sempre gostou de "matraquear em tudo o que produzisse som" e aos cinco anos "além de copiar o nome das marcas de banha, margarina, manteiga, azeite, escrevia no chão de terra batida na casa do meu primo, onde brincávamos 'às letras'". Aos oito anos, mulheres que tinham os maridos longe pediam-lhe para lhes escrever cartas para eles, o que fazia em troca de comida. "Era uma espécie de escriba ambulante e cedo comecei a viver da imaginação, dos segredos que sabia mas não compreendia", conta.

Quando ficou órfão, aos 12 anos, ficou sob a tutela do Estado-Maior do Exército e passou a viver num quartel, no antigo Campo de Concentração do Tarrafal. Já com 15, recebeu uma bolsa do Estado para estudar na cidade da Praia, e foi nessa altura que começou a desenvolver uma ativa participação cívica e cultural, através da música. Aos 16 anos, foi "jornalista de brinquedo" no Voz di Povo, o primeiro jornal após a independência de Cabo Verde. Dessa experiência guarda, sobretudo, a importância que tiveram na sua vida Arnaldo Andrade (então diretor e hoje embaixador do país em Lisboa), Franklin Palma (então chefe de redação e atual presidente do Comité Olímpico Cabo-Verdiano) e Arménio Vieira (jornalista e vencedor do Prémio Camões 2009).

Mas se as amizades perduraram, o Jornalismo ficou-se por ali. A sua "sina" era outra, a Literatura. Por isso, em 1984, candidatou-se a uma bolsa para estudar Direito na Universidade de Havana. "Não havia a opção de Literatura, então inscrevi-me em Direito porque tinha a disciplina do Latim que ajudava muito na Filologia", diz, acrescentando que escolheu Cuba "por causa da música".

Os seis anos em Cuba e o contacto com a cultura sul americana, mudaram a sua conceção do mundo e da Literatura. "Descobri que existe uma 'cultura outra', um espaço crioulo que surge da mistura entre Europa, África e América, e que se baseia muito no passado e no imaginário, sem distinção entre realidade e ficção", afirma o autor d'O Novíssimo Testamento. Octavio Paz, Gabriel Garcia Marquez, Julio Cortázar e Jorge Luís Borges são, em sua opinião, alguns dos escritores que "cedo descobriram que é difícil ficcionar a realidade porque ela já vem ficcionada até ao extremo". MLS defende, assim, a existência de uma Literatura crioula que atravessa a História da Literatura europeia, africana e americana e que "tanto tem de escravos, quanto de homem liberto e do desconhecido".

Regressa ao país natal em 1990, e publica o seu primeiro livro, Nascimento de Um Mundo, reunindo poemas que falam de Cabo Verde através de signos e símbolos do universo crioulo, sem nunca referir o nome do arquipélago. "A partir dai, comecei a tomar consciência de que a minha escrita e música habitam esse mundo crioulo", que não é só europeu, africano ou americano, antes "tenta harmonizar essas bifurcações", explica.

Entre 1996 e 2001 foi deputado do Parlamento cabo-verdiano pelo PAICV (Partido Africano para a Independência de Cabo Verde). Além de querer participar no processo de "abertura democrática", quis retribuir "por ter sido um filho muito bem cuidado pelo país". No entanto, diz que a política não é a sua "vocação" e desde então dedica-se exclusivamente à carreira artística.

Kreol é o seu mais recente álbum, o quarto a solo (depois de Mar e Luz, em 2004, Ao Vivo e Aos Outros, em 2005, e Badyo, em 2007). Entre Maio de 2009 e Maio deste ano, o músico viajou pela África, América e Europa "à procura dos músicos crioulos que existem no mundo". O álbum conta, assim, com a participação de grandes nomes da música: o brasileiro Milton Nascimento, o cubano Pablo Milanés, o afro-americano Harry Belafonte, os portugueses Pedro Joia e Teresa Salgueiro, e a sua conterrânea Cesária Évora. "Refiz a rota da escravatura, e foi como encontrar irmãos, porque temos referências, momentos históricos e a língua crioula em comum", refere.

De resto, para o artista este "encontro com o outro" faz parte da génese do seu país, que cedo viu chegar e partir gente pelo mar. "Para nós, a emigração não é só procurar uma vida melhor, é também ir conhecer e respirar o outro". Uma vontade muito cantada no arquipélago, sublinha o fundador dos Simentera, grupo de música tradicional cabo-verdiana (Raiz, de 1995, Tr'adictional, de 2003, entre outros discos).

Mas por mais que viaje, regressa sempre a casa, onde encontra inspiração. "Cabo Verde é uma realidade surrealista, um lugar de cruzamento de culturas, uma vida que exige contemplação e descrição", opina; acrescentando: "Em Cabo Verde a realidade é tão dura que parece ficção, e a ficção é tão bela que queremos torná-la realidade". Para o artista, criar implica uma relação com o "lugar". "A linha do horizonte que nos mostra o infinito, também nos traz uma sensação de saudade e vizinhança", sublinha.

Em 2002, o governo de Cabo Verde deu-lhe o estatuto de diplomata, pelo que é atualmente embaixador cultural do país, tal como Cesária Évora, Germano de Almeida e Vasco Martins. Mário Lúcio Sousa vai estar em Portugal para apresentar as suas mais recentes criações, O Novíssimo Testamento e Kreol: a 9 em Catanhede (Biblioteca Municipal, às 21 e 30), a 13 em Lisboa (Fnac do Colombo, às 18 e 30), a 14 em Leiria (Livraria Arquivo, às 18 e 30), a 15 na Póvoa do Varzim (com sítio e horário por determinar) e a 16 no Porto (Fnac do Norteshopping, às 18 e 30). "Antes dizia-se 'vou à metrópole' e era uma grande coisa, para mim continua a ser: Portugal é uma das janelas da nossa casa", diz. Pois nós cá o esperamos, de porta aberta.

"A minha literatura é uma oratura"

Mário Lúcio Sousa é autor de uma obra literária que vai da poesia (Sob os Signos da Luz) à ficção (Vidas Paralelas, premiado pelo Fundo Bibliográfico da Língua Portuguesa, em 2003), passando pelo teatro (Saloon, de 2004). O Novíssimo Testamento é o seu primeiro livro a ser editado em Portugal.

Como surgiu este livro?

Houve um momento na minha vida, por volta de 2005, em que não queria editar mais livros, porque já tinha alguns títulos em Cabo Verde, e continuar a publicar parecia-me narcisista: escrevia, procurava patrocínios, lançava, recebia os aplausos e não passava daí. Mas durante esse tempo nunca deixei de escrever. Entretanto comecei a escrever sobre uma fotografia e, de repente, o livro tomou o seu próprio caminho, a vida de Jesus depois da ressurreição.

Um Jesus no feminino...

Sim. Quando o livro se apoderou de mim, perguntava-me: "E se Jesus ressuscitasse mulher?". Enquanto o Antigo Testamento fala da chegada do Messias e o Novo da sua vida, O Novíssimo Testamento conta a história da ressurreição de Jesus no corpo de uma mulher negra, em Cabo Verde, durante o domínio de Portugal.

O livro não tem pontos finais. Porquê?

Não existem pontos finais na narração oral, e sendo a minha literatura uma oratura, essa opção acabou por surgir naturalmente. A partir deste livro, a ausência de pontos finais é uma 'cruz que tenho que carregar', pois desenvolvi uma sinergia em que da primeira à última palavra há uma ligação, por vezes poética, outras rítmica, ou ainda com outros recursos da oralidade.

Carolina Freitas (12 Out 2010) - Jornal de Letras


"Mario Lucio, vers un monde nouveau"

Toujours de blanc vêtu, Mario Lucio franchit le seuil de sa maison de disque, Lusafrica, d’un pas léger, dans le XVIIIe arrondissement de Paris. La quarantaine jeune, il est parfaitement à l’heure, a le regard clair et la parole précise, pénétrante. Il parle plusieurs langues, dont le français qu’il maîtrise couramment. Il se dégage de lui une aura bien particulière, celle d’un homme aux talents extraordinaires qui a su rester humble.
Eminence grise de la musique capverdienne, Mario Lucio a été l’un des premiers à réunir les musiques de son archipel. Orphelin, ayant atterri dans une caserne grâce à un militaire ébloui par ses talents artistiques, Mario Lucio grandit seul, à l’écoute des autres. Plus précisément, à l’écoute de ces soldats qui arrivent de leurs différentes îles avec leur instrument sous le bras. Alors que son pays vit les premières heures de son indépendance, il recueille et apprend ces rythmes. Dix ans plus tard, au début des années 1990, Mario Lucio est devenu avocat, mais reste musicien dans l’âme. Il fonde Simentera, le premier groupe capverdien qui fait fusionner ce qui jusque-là restait des répertoires bien distincts.

ARTISTE LUMINEUX
Le Cap-Vert, pays créé de toutes pièces par les Portugais au XVe siècle, est devenu prospère grâce au commerce des esclaves. La diversité est un élément fondateur: les références européennes sont aux origines du pays et l’Afrique de l’Ouest est à deux pas...
Depuis qu’il avance à visage découvert, Mario Lucio ne cesse d’explorer ses liens au reste du monde. Sur son précédent opus, Badyo, enregistré à Bamako, Mario Lucio s’est fait le chantre d’une Afrique en devenir. «L’Afrique n’est pas retardée. Il faut regarder combien de pays compte l’Afrique et combien sont en guerre. Il existe une Afrique urbaine, scientifique, moderne. Il y a des jeunes scientifiques à l’île Maurice, des jeunes entrepreneurs au Bénin, des historiens au Sénégal. Il y a une nouvelle génération d’Africains qui a une conception de la façon dont les continents doivent échanger, communiquer. La vision misérabiliste et d’aide n’est pas appropriée. La première aide serait un changement d’attitude vis-à-vis de l’Afrique.»
Après l’Afrique, place au monde. Kreol est le projet le plus ambitieux de Mario Lucio à ce jour. Le multi-instrumentiste s’y est offert un périple sur trois continents. Il a enregistré avec des musiciens africains (Toumani Diabaté, Cesaria Evora), antillais (Ralph Tamar et Mario Canonge), brésilien (Milton Nascimento), cubain (Pablo Milanès) et portugais (Teresa Salgueiro). Il dessine les contours d’une musique universelle, parfois proche de chants sacrés, souvent festive, toujours stimulante. A l’image de cet artiste lumineux dont le fil conducteur cherche à «ajouter la démarche de l’autre à la mienne». Et Mario Lucio de préciser: «Je pense vraiment qu’on doit essayer de voir le monde à partir du point de vue de l’autre, ou du moins de l’autre qui est en nous. Récemment, la chancelière allemande Angela Merkel a dit quelque chose d’incroyable: ‘Notre effort d’intégration a complètement échoué’. C’est sincère et c’est vrai. Toute l’Europe s’est mise à parler d’intégration, mais l’intégration est une forme de soumission. Elle était vouée à l’échec. L’intégration c’est dire ‘Tu vis chez moi, essaie d’être un peu comme moi!’ Pourquoi ne dit-on pas: ‘Tu es venu me rendre visite alors qu’avant c’est moi qui suis venu chez toi. Comment pouvons-nous vivre notre différence?’»
Un point de vue qui peut sembler utopiste, à l’heure où les identités nationales s’exacerbent partout en Europe. Mais l’écoute de Kreol prouve pourtant qu’un lien est possible entre les extrêmes, que des cultures à priori différentes s’approvisionnent à une même source. «Je crois aux coïncidences cosmiques. Les choses arrivent dans plusieurs endroits au même moment. A l’origine du monde, il n’y a pas eu une seule Lucie, mère de tous les humains. Je pense qu’il y a eu plusieurs mères ou pères simultanément.»

ESN (23 décembre 2010) - Le Courrier (Le Mag)


"Mario Lucio, un musicien sur les traces de l'esclavage"

Le chanteur du Cap-Vert dédie son nouvel album, «Kreol », à l'océan Atlantique

Le Cap-Verdien Mario Lucio n'est pas une grenouille de bénitier. Il a cependant consacré un livre à la réincarnation de Jésus en femme, une Noire, africaine et insulaire, symbole d'une résistante fertilité aux misères de la terre. Cette longue fable intitulée O Novissimo Testamento (« Le plus nouveau des testaments », éd. Dom Quixote, en portugais) a valu à l'écrivain, musicien et chanteur le prix Carlos de Oliveira qui récompense une oeuvre de la sphère lusophone. Celle-ci couvre trois continents, dont, au centre, l'archipel du Cap-Vert.
Mario Lucio est né en 1964 à Tarrafal, au nord de l'île de Santiago, qui abrite la capitale de la République du Cap-Vert, Praia, mais aussi les ruines de Cidade Velha, le « nombril du métissage mondial » selon le musicien. C'est là que commença le commerce négrier dès 1462. Peuls, Wolofs y étaient débarqués pour être baptisés et recevoir un pagne de coton signifiant leur nouvelle condition d'humain. Certains sont restés, abandonnés quand la disette frappait l'île sahélienne. D'autres ont été transférés aux Amériques.
Mario Lucio est parti sur leurs traces, publiant le 25 octobre, Kreol, dix-sept chansons nées d'un périple dans sept pays. Ce disque de philosophie musicale est dédié à l'océan Atlantique, « matrimoine de l'humanité ». L'ADN cap-verdien est ainsi fait de créolité, dont Mario Lucio est un exemple - côté grand-mère, une famille d'esclaves, côté grand-père, les colonisateurs portugais.
Sur la pochette de son précédent album, Badyo (2008), il apparaissait dans son habituel costume blanc immaculé, une chaîne à gros maillons en guise de cravate. « Pour effacer toute haine entre Blancs et Noirs, le métis est obligé de recycler les symboles. J'ai pris la chaîne qu'une de mes sources a été obligée de porter et la cravate que l'autre source portait volontairement », expliquait-il au Monde.
Le nouvel album s'ouvre par Nacapela, chanté a capela, entrelacs de voix presque religieux, enregistré à Praia et mixé à Rio de Janeiro. Puis, c'est un festival de créolité, que l'Antillais Edouard Glissant définit comme « le métissage plus autre chose qu'on ne peut jamais définir » sous peine de le perdre.
Ces mélodies très atlantiques chantées en créole cap-verdien, en portugais et même en français lorsqu'il s'agit de flâner en Martinique, avec Ralph Thamar et Mario Canonge (Egal Ego), reposent sur une autre idée de Glissant, interrogé dans le film retraçant l'aventure du disque (Kreol, de Frédérique Menant) : à l'instar du jazz, «venu de partout», les musiques créoles naissent non de manière impériale mais sous forme de traces.
Pour en témoigner, Mario Lucio, qui fut avocat à Praia après avoir étudié le droit à La Havane, puis député du PAIGC (héritier du parti unique ayant mené l'indépendance, en 1975), a entraîné le père de la Nueva Trova cubaine, Pablo Milanes (Petit Son), l'éthéré Brésilien Milton Nascimento (Mar di Tarrafal), la magnifique portugaise Teresa Salgueiro, chanteuse du groupe Madredeus (Hora de Andorinha). Avec retour au Cap-Vert via Cesaria Evora (Mar Azul). On trouve même une comptine, que Mario Lucio chante avec Silva Marta Sousa, sa fille de 10 ans.
Mario Lucio avait baptisé son premier groupe musical du nom de guerre (Abeljasi) du héros national de l'indépendance cap-verdienne et guinéenne, Amilcar Cabral. On retrouve la trace de Cabral dans le titre Planet. Mario Lucio y chante, sur la voix rauque d'Harry Belafonte, un discours de mars 2006 où le chanteur d'origine jamaïcaine, champion des droits civiques, recevait le trophée Amilcar Cabral pour la liberté, à Washington.
Kreol mélange les dérivés métis (à voir sur Youtube.com, le clip Amizade) et s'arrête aussi sur la terre mère, l'Afrique, avec les djembés du Sénégal, et un finale sahélien, bref, délicat, son du désert africain chanté avec le joueur de soukou (violon) malien Zoumana Tereta (Orfon). Le Mali n'a pas la mer, mais il a le privilège des racines, que les Créoles, « sortes d'orphelins », dit Lucio, doivent retrouver en s'appuyant sur les grands aînés - Franz Fanon, Leopold Sédar Senghor, Aimé Césaire.

Véronique Mortaigne (article paru dans l'édition du 24.10.2010) - Le Monde


"Mario Lucio Badyo Review"

Album "Badyo" - released 3 March 2008

There's a lot more to Badyo than there initially seems.

Most fans of Cape Verdean music will know that the musical treasures of this dry, windswept Atlantic archipelago aren't limited to the gentle mornas and swinging coladeiras of Cesaria Evora. Over the last few years, several younger artists have championed the more rhythmic, African side of their roots. But the group that really began this process were Simentera – the brainchild of Mario Lúcio, who was also their main songwriter. After their masterpiece Tr'adictional (2003), singers Tété Alhinho and Terezinha Araújo launched solo careers, along with Mario Lúcio.

This is actually Mario Lúcio's third solo album since, albeit the first to gain an international release. And while with Simentera, he concentrated on exploring Cape Verdean roots styles of the 20th century, Badyo goes back five hundred years, to when the Portuguese first brought African slaves through Cape Verde on their way to the 'New World'. Some remained on the islands – a diverse ethnic mix from different parts of West and Central Africa – and Badyo is a richly imaginative recreation of the styles they developed; coladeira, funaná, batuku, colecho, tabanka and others. After the slick production and celebrity cameos of Tr'adictional, the production and arrangements are relatively rustic, and Lúcio's softly intoned, almost conversational vocals take a while to sink in. But his tunes eventually work a subtle magic on this slow-growing but very satisfying album.

The gnawing of the local one-stringed fiddle or 'cimboa' on the opening batuku Amar Elo is just one of several novel sounds (for Cape Verdean music), which include harmonica, balafon, and home-made percussion. Reza draws on the polyphonic Latin mass of Cape Verde's breakaway Catholic sect, the Rabelados. If the tingling triangle and surging accordion of the funaná Diogo e Cabral seem to echo Brazilian forró, that's probably because the latter owes a debt to the former. And if Goré seems joyful, even light-hearted, take time to read the sad, poetic lyrics, which revisit the days of slavery. Like the cover image of Lúcio wearing a length of chain in place of a tie, there's a lot more to Badyo than there initially seems.

Jon Lusk (2008-03-07) - BBC


Discography

Kreol (2010) | Badyo (2008) | Mar e Luz (2004)

Photos

Bio

Mário Lúcio
Lúcio Matias de Sousa Mendes, better known by his artistic name, Mário Lúcio was born in Tarrafal, on the island of Santiago, Cape Verde, on October 21, 1964. In 1984 he obtained a scholarship from the Cuban government to study Law at the University of Havana, from which he graduated in 1990.
He returned to Cape Verde and practiced as an independent lawyer.
He was a Deputy in the Cape Verdean parliament from 1996 to 2001.
He served as Adviser to the Minister of Culture (1992) and was recently named Cultural Ambassador of Cape Verde.
Music
Mário Lúcio Sousa is founder and leader of the musical group Simentera.
His conceptions earned him an invitation from the Cape Verdean government to serve as Adviser to the Commissioner for Expo/92 and author of Cape Verde’s musical project for the 92 Seville Expo and the 98 Lisbon Expo.
He is a multi-instrumentalist and arranger of various albums by Cape Verdean solo artists.
As a composer, he is a member of SACEM (Societé française des Droits d’auteur), with compositions recorded by Cesária Évora and other Cape Verdean artists. He is the permanent composer of the company Raiz di Polon, the only contemporary dance formation in the archipelago.
He has performed concerts in the United States, Brazil, France, Germany, Sweden, Finland, Norway, Austria, Senegal, Mauritania, Portugal, Switzerland, Slovenia, Greece, Spain, Luxemburg, Belgium, Italy, Romania, England, China, among other places.
Some artists who have participated in Mário Lucio’s Works: Cameroon’s Manu Dibango, Senegal’s Touré Kunda, Brazil’s Paulinho Da Viola and Gilberto Gil, Portugal’s Maria João, Mário Laginha and Luis Represas. He is a student of traditional musical forms, among them the vocal music of the Rabelados religious community of the island of Santiago.
Literature
He is the author of the following works: Nascimento de Um Mundo (poetry, 1990); Sob os Signos da Luz (poetry, 1992); Para Nunca Mais Falarmos de Amor (poetry, 1999); Os Trinta Dias do Homem mais Pobre do Mundo (fiction, 2000 – winner of the 1st edition of the Portuguese Language Bibliographical Fund award); Adão e As Sete Pretas de Fuligem (theater, 2001).
Painting
Mário Lúcio Sousa belongs to the movement of the new generation of Cape Verdean painters. He has participated in various exhibits in Cape Verde and abroad.