Nancy Vieira
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"DÔS - Diálogos sobre a Arte & a Vida com Nancy Vieira"

Numa conversa quinzenal entre João Branco e um artista, em tom descontraído, sobre a arte, a vida e as nossas pequenas inquietações. Desta vez, em exclusivo para o Jornal A NAÇÃO, a conversa é com Nancy Vieira, a princesa da voz de ouro, como lhe chamou uma vez Paulino Vieira. Com uma voz e uma carreira que tem marcado o panorama musical crioulo, Nancy tem pautado a sua caminhada pelo talento e discrição, com presença constante em colectâneas e como convidada em trabalhos de colegas. De uma simpatia contagiante, tem conquistado os palcos e hoje é um valor seguro, sendo, na actualidade, uma das vozes mais emblemáticas da nossa música. Nesta curta conversa, fala dos sonhos e expectativas e dá-nos uma ideia de como é ser-se artista cabo-verdiano fora do torrão-natal.

A NAÇÃO - Num texto de apresentação que li sobre o teu trabalho está escrito que “Dizer que Nancy Vieira é cabo-verdiana poderia ser uma forma de justificar a sua inata musicalidade. Mas não fica tudo dito. Da sua forma de estar e de interpretar as coisas da vida emerge um caudal de emoções que, por entre tristezas e alegrias, reflecte um pouco da sua personalidade.” De que forma é que a tua música reflecte o Cabo Verde que carregas em ti?
Nancy Vieira - A música que canto reflecte uma “melancolia feliz” que, na minha opinião, caracteriza Cabo Verde e a sua gente. Essa expressão foi usada por João Monge, poeta português, ao apreciar um concerto meu. Nunca nada me tinha parecido tão exacto. Só um poeta saberia traduzir dessa forma algo que sempre senti e sinto. Se reparares, eu não disse “minha música”, porque não faço música, limito-me a interpretá-las.
A NAÇÃO - Ainda continuam a dizer que és uma “sucessora” da Cesária Évora? Porque de cada vez que aparece uma nova voz feminina, essa etiqueta acaba por ser inevitável?
Nancy Vieira - (Risos) Sucessoras de Cesária Évora há muitas e não há nenhuma! Ninguém tem aquela voz, aquela forma de cantar, aqueles pés que não suportam sapatos, aquela forma de estar na vida, despreocupada com o que os outros pensam. A simplicidade e a autenticidade dessa senhora fascinam-me.

O efeito Cesária
A NAÇÃO - De que forma o êxito da Cesária no mundo todo influenciou a tua carreira, se é que teve alguma influência?
Nancy Vieira - O sucesso de Cize influencia a carreira de qualquer jovem cantor que tenta divulgar a sua música no mundo. Quando chego a um canto do Reino Unido, por exemplo, nem estou a falar de Londres ou uma outra grande cidade, e encontro uma sala cheia de pessoas que nunca tinham ouvido falar em Nancy Vieira na vida, mas que conhecem Cabo Verde porque é o país de Cesária Évora. Penso que isso diz tudo. Felizmente, já temos outros artistas, jovens, que já são referências.
A NAÇÃO - Como é ser artista cabo-verdiana, vivendo fora do arquipélago?
Nancy Vieira - Nunca vivi em Cabo Verde como artista. Portanto, não sei como é ser artista vivendo nas ilhas. Como cabo-verdiana, morro de saudades todos os dias, principalmente nos dias de muito frio (como o de hoje) e sinto que o meu chão é outro. Falando da carreira em si, aqui encontro toda uma estrutura necessária para trabalhar.
A NAÇÃO - Pensas que o facto de não estares em Cabo Verde dá-te outra visibilidade e possibilidade de projecção?
Nancy Vieira - Temos exemplos de artistas que vivem em Cabo Verde e que têm projecção internacional. Temos o Mário Lúcio ou o Tcheka, entre outros, que têm as suas tournées, os seus concertos mundo fora e depois voltam para junto das famílias e para o quentinho, sol, mar. (moda nhos sta odja, hoje m’sta xatiadu ku frio e ku inveja di quem ki sta ala). Portanto, na minha opinião, a projecção não depende do lugar que se escolhe para viver, mas sim do trabalho do artista e da sua equipa.
A NAÇÃO - O que falta ao país para que cantores e músicos possam ser reconhecidos dentro da sua própria terra e dessa forma viver da sua arte?
Nancy Vieira - Pergunta difícil. Falta ao país muita coisa, nas mais diversas áreas. Eu confio na boa vontade e na competência dos nossos dirigentes. Quanto aos artistas locais, precisam de muito respeito do público e dos pares. Muitas vezes, criolo é mau pa si cumpanheru.

Referências e reconhecimento
A NAÇÃO - O que sentes pelo facto de um mestre como Paulino Vieira te ter considerado publicamente como a “princesa da voz de ouro”?
Nancy Vieira - Sinto gratidão. Sinto orgulho. Sinto responsabilidade. E muito respeito pelo Paulino Vieira, pelo músico que é.
A NAÇÃO - Achas que o teu trabalho é bem conhecido pelos teus patrícios que vivem no arquipélago?
Nancy Vieira - Penso que sim. Através da televisão, das rádios, da internet. É importante fazer concertos em todas as ilhas, o que ainda não aconteceu, mas estou a trabalhar para isso.
A NAÇÃO - Qual ou quais os músicos que mais te influenciaram?
Nancy Vieira - Tantos! A velha guarda de músicos cabo-verdianos. Bana, Titina, o próprio Paulino.Os clássicos da música popular brasileira. As “velhas” vozes do blues, soul.
A NAÇÃO - Como vês o facto de ainda não haver uma efectiva politica de salvaguarda dos direitos de autor em Cabo Verde o que faz com que muitos recursos que poderiam ficar no país acabem por se perder por outras vias?
Nancy Vieira - A minha resposta está na tua pergunta. Recursos que poderiam ficar no país, ficam no estrangeiro.
A NAÇÃO - Qual o teu maior sonho ainda não concretizado?
Nancy Vieira - Prometo pensar um grande sonho, depois digo-te… É que não tenho UM grande sonho. Tenho vários, pequenos-grandes, que vou concretizando. Sou ambiciosa, mas nada do género de ter um ferrari amarelo. Quero poder cantar, ter uma vida tranquila, ser uma boa mãe. Essa é a minha missão mais importante. - A Nação


Discography

Lus (2007) | Segred (2004) | Nôs Raça (1995)

Photos

Bio

Nancy Vieira

To say that Nancy Vieira is Cape Verdean may be a way of explaining her innate musical talent but that would not be the whole story. A whole train of emotions emerge from her individual way of feeling and interpreting the events of life with sweetness, subtlety, rhythm and strength, reflecting the sweet melancholy that mirrors the Cape Verdean soul. Cape Verde is the inspiration! It is cause and effect in her singing. The world is her stage and an integral part of the cultural miscellany that influences her.

The singers repertoire, based on traditional Cape Verdean rhythms, is mainly accompanied by acoustic instruments which highlight the simplicity and good taste of the musical arrangements. Nancy Vieira presents herself as part of a tradition established by older Cape Verdean singers, and the resemblance is obvious in the way she sings morna.

In 1995 she released her first album, Ns Raa. In 2004, Segred secured her a place on the World Music scene, attracting the attention of specialist critics and the general public alike.

In 2007, she launched Lus, her third album, in Portugal, Cape Verde and Japan, in which, together with Tito Paris, she sings a version of the symbolic Esperana de Mar Azul.

Her unique voice justified the Harmonia Mundi/World Village worldwide release of Lus in 2009, which led to her involvement in various projects with artists such as Juan Medrano Cotito, Rui Veloso, Ala dos Namorados and Dany Silva. In 2009 she was also invited to sing on the Pssaro Cego album featuring music by Manuel Paulo and lyrics by Joo Monge, which was released in October of the same year.

Now with three albums to her name Ns Raa, Segred and Lus Nancy Vieira has performed in Portugal (the country where she lives), Cape Verde and many other countries around the world, including Spain, the United Kingdom, Holland, Belgium, Luxemburg, Greece, Italy, the United States, Brazil and Angola.

She has shared the stage with some of the most iconic names in Cape Verdean music, such as Cesria vora, Bana, Tito Paris, Ildo Lobo, Boy G Mendes and others.

Lusafrica is preparing to release her fourth album in 2011!

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