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"Diferenças São Riquezas"

Riquezas são diferenças - Por Chico Pinheiro


Dentre as diversas características inerentes à vida na metrópole, talvez a que mais me atraia seja a da possibilidade da coexistência de universos culturais absolutamente diferentes, que quando colocados lado a lado no 'Caldo de Cultura' próprio dos grandes centros, podem misturar-se gerando assim uma infinidade de combinações, que às vezes tornam-se verdadeiras sínteses brotando sob esse 'Caos Criativo' urbano.

Esse tipo de processo sinergético é recorrente na história da Arte em geral, naturalmente também na música - seja na Viena do início do Sec. XX (com a 'Segunda escola de Viena '), na Nova Iorque dos anos 40 e 50 (com o Bebop), ou no Rio de Janeiro dos anos 60 (com a Bossa Nova), isso só para rememorar alguns cenários - os encontros , intercâmbios e o convívio entre artistas sempre foram importantíssimos para a evolução musical como um todo.

Outra coisa interessante é a relação do estilo de vida de um certo lugar com o tipo de música que se desenvolve naquele local - Miles Davis costumava dizer que o Bebop 'jamais poderia ter sido criado na West Coast', onde havia Sol, praia, e sobretudo um dia-a-dia muito mais lento e regrado do que em NY; onde a vida sempre fora mais violenta, muito mais estressante, mas por outro lado também muito mais 'vibrante e dinâmica' (bem ao estilo 'agressivo' do Bebop, em oposição ao 'Cool' de Chet Baker e da West Coast).

Não à toa justamente na cidade de São Paulo - esse grande 'caldo de cultura' que reúne artístas e músicos de todo lugar - Walter Nery, Guto Brambilla e Fernando Baggio vieram a se encontrar para criarem juntos o RdT.

Três talentosíssimos músicos de formação sólida e extensa, todos pesquisadores inquietos e instrumentistas respeitados, resolveram juntar seus backgrounds e visões tão diferentes quanto pessoais para criarem um Grupo de extrema coesão e personalidade, como se desde o princípio vislumbrassem o fato de justamente essas diferenças em suas personalidades musicais serem capazes de, quando colocadas 'lado a lado', complementarem-se sinergicamente.

Logo à primeira audição de ELO, nota-se nitidamente a abordagem do Trio - a de se fazer música atual - ao mesmo tempo sofisticada e vibrante - mesclando diversos elementos não só da música brasileira mas do mundo, usando a linguagem do Jazz contemporâneo como guia. Sim, embora o Jazz tenha sido criado nos Estados Unidos, já há algum tempo ultrapassou as fronteiras Yankees para ser executado com grande desenvoltura em todo lugar, como já provaram europeus, asiáticos, africanos, sulamericanos.

Tanto assim é que a sonoridade em ELO nos remete ao que hoje acontece na cena jazzística novaiorquina, assim como aos responsáveis por esta; os 'young Lions' Lage Lund (norueguês), Will Vinson (inglês), Julian Lage, Lionel Loueke (africano), Kurt Rosenwinkel, Aaron Goldberg, Jonathan Kreisberg, Eric Harland, Miguel Zenon (porto-riquenho), Mike Moreno, entre outros.

Não por acaso o próprio Moreno participa do disco trazendo sua marca inconfundível logo nos primeiros compassos do belo tema de abertura, 'Sarayu' (Baggio).

A incrível cumplicidade do Trio com o guitarrista texano é notada desde o início, como se já tocassem juntos há muito tempo, e essa intensa interatividade musical permeia o disco todo, tornando-se um elemento muito especial em 'Elo'.

Como instrumentistas - compositores, Walter, Guto e Fernando imprimem sempre com muita sensibilidade, musicalidade e propriedade seus respectivos RGs - seja nas composições, nos solos, nas execuções - tanto é que logo às primeiras audições pode-se dizer 'de ouvido' quem compôs qual tema ou quem está solando, sem a menor necessidade de se recorrer aos créditos.

Sarayu, Liv (Vida) e Délicatesse são de Baggio, e exprimem cada um à sua maneira momentos de explosão rítmica, outros de lirismo e delicadeza. Destaques para os solos de Mike em Sarayu, Brambilla em Liv, e Nery em Délicatesse. Walter assina Incidental, peça vibrante desde o início, de harmonias não convencionais e 'autro' energético entre Baggio e Moreno. Guto é o autor de Sky (bela suíte dividida em 3 partes, que traz texturas sonoras não-usuais, podendo aludir desde ao Jazz, passando pelos Balcãs e a Hungria, com solos de extremo lirismo. Mirror Mirror, de autoria de Moreno, é exposta na formação de trio (com Baggio e Brambilla) e traz lindo solo do próprio compositor, aqui enfocado em sua participação especial tanto como autor como instrumentista.

É um imenso prazer poder escrever sobre esse belíssimo projeto, desse belíssimo combo formado por três craques brasileiros, mais um americano como convidado especial que, junto ao Trio, encerra brilhantemente um verdadeiro 'Power Quarteto', nos reafirmando o quanto a música não tem fronteiras, o quanto é importante o encontro entre diferentes idéias unidas por um objetivo comum, que nos mostra também a beleza de um profundo e criativo bate-papo musical, a importância da alegria e do prazer em se fazer música ao mesmo tempo com seriedade, competência mas também regozijo, e sobretudo nos mostra que existem trabalhos de imensa qualidade e inventivos sendo feitos por artistas inquietos e apaixonados por música. O que mais podemos pedir? Que continuem a trilhar esse belo caminho.

'Play it again', RdT!



Chico Pinheiro,
Janeiro 2013

- Chico Pinheiro


Discography

Rapazes do Trio (2008)
Antídoto (2010)
Elo (2013)

Photos

Bio

RdT trio: formed by Fernando Baggio (drums), Walter Nery (guitar) and Guto Brambilla (acoustic bass), full 9 years and released his third CD, “Elo”. The trio was born in the Souza Lima Conservatory (São Paulo - Brazil), a renowned music school where three members are teachers.

From an unassuming meeting for just a little touch, the RDT has become a solid group. Formed in 2004, just a few years after its members decided to change the path and burn a CD copyright. Recorded in 2007 and released in 2008, the first cd, “Rapazes do trio”, is the debut of the group. In this work, with nine

tracks, the trio starts to show its path that seeks a current music with many influences.

In 2010 comes the second album, “Antidote”. The album was well received by the public and media, and the group continues firm in search for his own identity. On this album the RdT begins to have international recognition, appearing at major sites Europeans and South Americans.

In 2012 the group released their newest album, “Elo”. Definitely the RdT assumes his identity in contemporary instrumental music. To symbolize this trait, the RdT invites Mike Moreno, the renowned American guitarist who is important exponent of this style in New York.

The RdT brings in its history the idea of ??doing a song underexplored in our country, but still, very well received. In this attempt, the balanced composition with improvisation, combining styles without cliches, unprejudiced, following the trend of fusion of genres as a rereading.

This art is expressed as a language without barriers, with breaks of various concepts, and acceptance of all styles, incorporating the feature nihilistic instrumental music. A vision of modern fusion. Working rhythmic and harmonic concepts without any barriers. The composition aspect becomes as important as improvisation.