Rodrigo Vellozo

Ser filho de artista conhecido pode ser carimbo que estereotipa alguém em início de carreira. Menos por sorte que por competência, esse não parece ser o caso do músico Rodrigo Vellozo, que traz em seu primeiro disco, intitulado "Samba de Câmara", a união de um belo timbre de voz com letras inteligentes e melodias marcantes.

Rodrigo Vellozo, de 27 anos, é filho de Benito di Paula, mas não parece se preocupar com os julgamentos que possam surgir dessa conexão sanguínea. "É complicado ser filho de alguém que tem a carreira brilhante, mas ele é meu melhor amigo, moramos juntos", diz Vellozo.

Desde criança, Rodrigo teve aulas de piano, mas ficou anos sem praticar. Na adolescência, acabou ingressando na faculdade de engenharia eletrônica. "Eu tinha receio por minha voz ser muito aguda e sabia da exposição que a carreira artística causaria, pensava se realmente queria isso, mas depois a vida acabou me impondo esse ofício". Acabou abandonando os cálculos e assumiu a carreira musical, matriculando-se numa escola de piano.

Repertório. Pelas 14 canções do álbum - apenas duas inéditas -, percebe-se que, mais que qualquer muleta familiar, é o talento que sustenta e dá caldo ao trabalho do cantor, que se diz apaixonado pelo samba.

Ousado, inseriu em seu disco canções próprias ao lado de músicas compostas por grandes figuras da música brasileira, como Noel Rosa, Adoniran Barbosa e Caetano Veloso. "Houve insegurança, mas penso o trabalho como um tributo a todos os intérpretes e compositores. É como se eu estivesse me curvando a todos esses mestres", declara.

A escolha do repertório demonstra apuro na pesquisa musical. Acertada também a escolha dos instrumentos e os bons arranjos, assinados pelo próprio Rodrigo, inclusive. O violoncelo e piano quase onipresentes entregam a ligação do artista com a música de câmara. "Me formei em piano erudito, tocava Chopin e Bach. A música clássica complementa a popular", explica.

Apesar de todas as canções falarem de amor, o repertório não cai em repetição, muito menos em choro gratuito ou meloso. Acaba sendo a visão de vários compositores sobre esse sentimento que move as relações, embora o intérprete diga não ter sido intencional. "É um tema que faz parte da vida de todos nós, foi aleatório", garante o músico.

- Rafael Rocha - Jornal "O Tempo" Belo Horizonte

Filho de Benito Di Paula, o pianista, cantor e arranjador Rodrigo Vellozo estreia em disco mostrando talento e criatividade. Lançando mão de excelentes arranjos para formação de câmara e outros elementos acústicos, recria clássicos como Consolação (Baden Powell/Vinícius de Moraes), Feitio de Oração (Noel Rosa/Vadico), Samba Erudito (Paulo Vanzolini), O Ciúme (Caetano Veloso) e até In The Air Tonight (Phil Collins) e apresenta composições próprias como Aconteceu e Marcas do Passado. De qualidade - Toninho Spessoto

Este é o melhor disco feito nos últimos quinze anos no País. É um trabalho pontuado pela personalidade do cantor para interpretações de clássicos da MPB; ele soube se utilizar das influências e quase toma posse das magistrais composições com seus arranjos autorais.
Primeiro disco solo de Rodrigo Vellozzo é nada mais nada menos do que um divisor de água aos próximos pretendentes, tanto aos intérpretes quanto compositores. Não poderia ter sido mais feliz na escolha eclética do repertório que, passeia por grandes mestres da MPB como Baden Powell, Noel Rosa, Monsueto e o mago da bateria, o inglês Phill Collins .
"Samba de Câmara" tem 14 faixas, sendo que 9 delas são releituras. Não são simples regravações e sim releituras e interpretações de muita personalidade para músicas consagradas como Consolação {Baden Powell, Vinícius de Moraes, Tonga}, Feitio de Oração {Noel Rosa}, Me Deixe em Paz {Monsueto/ Ayrton Amorim}, Samba Erudito {Paulo Vanzolini}, Dente no Dente {Jards Macalé e Torquato Neto}, O Ciúme [Caetano Veloso} e “Não Precisa Muita Coisa” {Benito di Paula e Adoniran Barbosa}. Apesar de ser ‘filho de peixe’, Rodrigo Vellozo está pronto para nadar sem se segurar nas talentosas barbatanas de seu pai Benito di Paula, ícone de gerações.

Por sua autenticidade musical o disco é todo contemporâneo. Porém, a parte realmente dita contemporânea, músicas conhecidas da década de 80 de autoria de Leoni, Herbert Viana e Paula Toller {Por que não eu} e "In the Air Tonight" {Collins] ganharam mais do que interpretações pra lá de autoral. Foram homenageadas literalmente. Os luxuosos cellos de Mário Manga e Hudson Lima dão suporte ao maravilhoso vocal non sense de Rodrigo Vellozo para as duas músicas. Sem medo de queimar a língua: este é o melhor disco feito nos últimos quinze anos no País. A começar pela autenticidade tanto nas interpretações quanto nos arranjos não pré- datados. Então, cheguemos, às ótimas composições contemporâneas de Vellozo como "Aconteceu" e "Marcas do Passado", poesias de um cunho abstrato, "Nunca Desista do Seu Sonho" {Rodrigo Santos}, Muito Mais {Hiran Monteiro} e "Esta Primavera" de Sílvio Rodriguez, {em Espanhol}. O pianista e compositor Rodrigo Vellozo assina os arranjos e o piano no disco, que tem os seguintes músicos participantes: Ítalo Peron, Adriano Busko, Marcos Paiva, Mário Manga, Hudson Lima, Diogo Guanabara, Milton Manhães Zapelli, Rubinho Lima, Alcides Oliveira, Ildo Silva.

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