Scalene
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Scalene

Brasília, Federal District, Brazil | Established. Jan 01, 2009 | MAJOR

Brasília, Federal District, Brazil | MAJOR
Established on Jan, 2009
Band Rock Alternative

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"NEW music: Scalene – “Danse Macabre”"

Com a quantidade de ferramentas disponíveis nos dias de hoje (Garage Band no tablet, estúdios gringos mixando por email, câmeras digitais de última geração no supermercado, “ilhas” de edição no laptop), aquela condescendência com que tratávamos as bandas iniciantes há duas décadas. “O disco é mais ou menos, mas ao vivo a coisa pega fogo”, ou “Tá meio mal mixado e mal gravado, mas dá pra ter uma ideia”.

O mais impressionante no Scalene, quarteto de Brasília com cinco anos de estrada, é, bem, o quão impressionantemente bem acabado é o rock que entrega. “Danse Macabre”, que começa a vingar em rádios rock de São Paulo, é assustadoramente bem tocada, cantada, gravada, arranjada e mixada. Seu clipe tem direção de arte de primeira, esquisitice e apelo pop na medida e “atitude” pra agradar a molecada. Seus integrantes são jovens, bonitos e saudáveis, sua programação visual é bem cuidada e coerente, o que, tudo junto, resulta numa pacote e tanto. Você pode até não gostar, mas não dá pra dizer que eles não chegaram exatamente onde pretendiam.

Outra virtude do Scalene é ser contemporâneo. Passa muito longe tanto da sonolência indie da escola Los Hermanos quanto do rock-que-já-nasce-classic do Cachorro Grande, bebendo na atualidade tanto quanto a Legião Urbana bebia nos Smiths, os Paralamas em Police ou o Ira! no The Jam. É modern rock, que periga agradar tanto os fãs de Coldplay quanto os de um som mais nervosão na linha Coheed and Cambria. Uma navegada por seus (diversos e bem cuidados) vídeos mostra que tem muito de onde saiu “Danse Macabre”. Vão bem nas baladas como “Amanheceu” e nos sons mais climáticos, como “A luz e a sombra/Branco”. Peixe grande. - R7 - Ricardo Alexandre


"Review: Scalene – Real/Surreal"

(obs: this critic is a really respected and a very demanding one. Among others, we chose his review because we value his work.)


O rock não vive um bom momento. Bandas de rock só atingem o topo das paradas em semanas de poucos lançamentos expressivos no pop, e artisticamente há poucas inovações e muitas leituras inexpressivas do que já foi cool um dia, em recriações destemperadas de estilos estourados há dez, vinte, cinquenta anos. Não há, entretanto, motivo para pessimismo. Ainda há muitos artistas dispostos a encontrar um caminho inexplorado entre tantas referências, e no mar sem fim da internet existem grupos que, conscientemente ou não, tentam o mais difícil quando a regra é repetir o óbvio. Perdido nessa infinitude está o Scalene, quarteto de Brasília que acaba de lançar Real/Surreal, o segundo álbum da carreira. Mas que podia ser o primeiro, e em muitos sentidos é.

Antes capitaneado por uma vocalista, o Scalene estreou em 2011 com Cromático, um álbum repleto de boas referências, mas excessivamente calcado no lado mais previsível e gasto do pop punk da última década. Havia bons momentos, como “Ilusionista”, mas ainda era pouco para merecer o destaque amplo que buscavam. No ano após Cromático a banda ganhou público, perdeu a vocalista e tornou-se um quarteto. Liderado pelo guitarrista e (agora) vocalista Gustavo Bertoni, principal compositor da banda ao lado do irmão, o também guitarrista Tomás Bertoni, o Scalene ganhou confiança, maturidade e transformou completamente o próprio som. É uma nova banda – completada pelo baixista Lucas Furtado e o baterista Phillipe Nogueira – dentro do esqueleto da antiga.

Real/Surreal é um projeto ambicioso. É um álbum duplo ou dois dentro de um só, dependendo da edição que você adquirir. Ambos têm 18 músicas, divididas em dois capítulos temáticos, e narram a saga do “Sonhador”, personagem abstrato criado em “Sonhador I”, faixa acústica lançada como single em 2012.

Real compila faixas mais próximas da sonoridade de Cromático. São oito músicas mais próximas do post-hardcore, mas que vão um passo além do trabalho anterior. “Sonhador II” abre o álbum com uma pancada, mas a energia cai em “Marco Zero”, que dá continuidade à saga do Sonhador. “Marco Zero” não é uma faixa ruim, e ecoa bons momentos do Thrice, mas fica apagada entre “Sonhador II” e a excelente “Nós > Eles”, uma das mais pesadas do disco. Isso ocorre outras vezes em Real. “Prefácio”, por exemplo, é ofuscada pela belíssima “Silêncio” e pelo post-grunge de “Forma Padrão”, e “Amanheceu” tem talvez a letra mais bonita do álbum, mas perde em emoção para o refrão épico de “Disfarce”, que soa como uma versão mais refinada e visceral do Silverchair na era Freak Show.

O lado A de Real/Surreal deixa claro que o Scalene funciona melhor quando ousa mais. E isso fica ainda mais evidente em Surreal, que começa após um breve interlúdio instrumental ainda no primeiro disco.

Logo na primeira faixa de Surreal (faixa 10 na versão simples do disco), o single “Danse Macabre” (assista ao clipe no fim do post) a diferença entre os dois temas fica nítida. A introdução sombria ao piano antecede um riff robótico e sujo à la Queens of the Stone Age, mas o resto da canção evita o que poderia facilmente se tornar um plágio de Josh Homme e cia. e privilegia a influência de nomes menos conhecidos como o grupo americano O’Brother ou os ingleses do Maybeshewill. Essa é a maior qualidade das composições do Scalene: saber aliar influências de nomes estabelecidos a outras mais obscuras, unindo o mainstream e o underground na mesma redoma. Isso resulta em uma mistura ainda heterogênea, mas que caminha rumo à consolidação de uma identidade única. E o melhor: os versos funcionam perfeitamente, mesmo cantados em português.

“Milhares Como Eu” beira o post-rock, e em contrapartida a brutal “Karma” pode ser considerada uma cruza de trabalhos mais recentes do Metallica com timbres próximos aos do new metal. Pode parecer esquizofrênico, e à primeira audição a impressão é justamente essa; mas com o passar do tempo fica mais fácil entender a diversidade de Surreal. “O Alvo” e “A Luz e a Sombra” percorrem a trilha mais experimental do post-hardcore, enquanto os versos de “Ilustres Desconhecidos” lembram Foo Fighters mas contrastam com o interlúdio angustiante que remete ao lado mais psicodélico do Korn. As três faixas restantes são todas lentas: a bonita “Surreal”, “Anoiteceu” – contraponto a “Amanheceu”, com um emocionante arranjo de cordas – e “Branco”, que encerra o álbum de forma discreta.

Real/Surreal poderia ter sido enxugado para se tornar um trabalho mais curto e objetivo. Mas nesse caso a diferença entre o antigo e o novo Scalene ficaria ainda menos compreensível, o que poderia afastar quem acompanha a banda desde o início. De qualquer forma, não deve se tornar o álbum definitivo do grupo. É apenas um ritual de passagem muito bem desenvolvido para os próximos trabalhos do quarteto que, caso cumpra a difícil tarefa de se manter nesse grau de evolução, facilmente se tornará uma das maiores surpresas desta geração do nosso rock. Especialmente se os próximos passos forem ainda mais arriscados que Real/Surreal.

Real/Surreal pode ser baixado de graça ou comprado em CD no site da banda. Versões digitais de alta qualidade também estão disponíveis no iTunes e no OneRpm. - TMDQA - Guilherme Guedes


"Scalene demonstrates maturity and skills"

A banda brasiliense Scalene tomou o Palco UniCeub às 18h20 em ponto com a canção Sonhador II, do seu segundo álbum Real/Surreal (2013). O grupo, que existe há apenas cinco anos, demonstrou maturidade e muita técnica, agradando não apenas os fãs que entoavam enlouquecidamente as canções, mas também os curiosos em conhecer o grupo.

O público, que já ocupava em bom número a arena do Porão do Rock, curtiu o petardo sonoro e a ótima presença de palco de Gustavo Bertoni (voz e guitarra), Philipe Conde (voz e bateria), Tomás Bertoni (guitarra) e Lucas Furtado (baixo), graças ao som pesado, influenciado pelo punk rock, metal e pós-hardcore. Ponto para a banda, que está tendo destaque em várias cidades do país. - Festival Porão do Rock 2014 - Cristiano Porfírio


"The center of 1980's rock, Brasília reivents itself with diversity"

BRASÍLIA - Cabelos longos, guitarras, camisas pretas e letras numa outra língua. Tupi. Mas há também os indies (e não índios) cantando em inglês. E os que, em português, vão do hardcore ao pop assoviável. Quase seis décadas após a fundação de Brasília, a cena rock — independente, alternativa, chame como quiser — da cidade transborda as linhas definidas do Plano Piloto, escrevendo com diversidade mais um capítulo de uma tradição da qual vieram Legião Urbana, Raimundos e Móveis Coloniais de Acaju.

— O estilo modernista da cidade combina com o rock, e o brasiliense se identificou com o gênero desde a inauguração — avalia Patrick Grosner, diretor de “Geração Baré-Cola”, documentário sobre a cena rock brasiliense dos anos 1990, que começou a circular por festivais este ano. — Nos 1960 existiam bandas que tocavam nos bailes dos clubes. Nos 1970, o rock era hippie e acontecia nos espaços abertos. Nos 1980, o rock de protesto se identificou com a proximidade do poder e o momento político do Brasil. Nos 1990 demos continuidade ao legado rock, já que a cidade sempre foi carente devido à distância do eixo Rio-São Paulo. Tivemos sempre que apostar na cena local para nos divertirmos.


A diversidade, que reflete a formação da cidade cravada no Planalto Central, vem junto com uma tentativa de se retomar o velho slogan “capital do rock”. Em meio aos esforços individuais e isolados — de bandas como Sexy Fi, que atraíram para o Distrito Federal os olhares da imprensa britânica e do selo Far Out Records, que lançou seu disco na Europa —, a iniciativa que aponta de forma mais evidente nesse sentido é a Agência Circula. Num formato pioneiro, ela funciona como incubadora de bandas locais, reunindo 44 beneficiados (entre artistas solo e grupos). O objetivo é fomentar a cena local, investindo na formação de roadies e técnicos, articulando estúdios e gráficas e dando suporte (agenciamento, consultoria de marketing, assessoria de imprensa, manutenção de sites e redes sociais) às bandas. Uma ideia tocada por quem conhece de dentro o potencial e os problemas estruturais da cidade: Fabio Pedroza e Fabrício Ofuji, respectivamente baixista e produtor do Móveis Coloniais de Acaju, e André Noblat, vocalista da banda Trampa.

— Desde quando começamos a viajar com o Móveis, percebemos a necessidade de uma cena em Brasília — conta Ofuji. — Sempre soubemos que era melhor para todos que houvesse mais bandas. Foi pensando nisso que, em 2005, lançamos o (festival) Móveis Convida.

Cenas variadas, público compartilhado

Vieram depois iniciativas como a Comissão de Bandas e Artistas Circulantes (reuniões semanais que chegaram a reunir 70 bandas de todo o Distrito Federal), rodadas de negócios (para que produtores de festivais pelo Brasil conhecessem a música local e garimpassem ali atrações para seus eventos), o movimento Brasília Capital do Rock e a Rede Urbana de Ações Socioculturais (R.U.A.S.).

— Até que o governador Agnelo Queiroz nos disse: “Vocês já fizeram um burburinho, mas como transformamos esse movimento todo em política pública?” — lembra Pedroza. — Desenvolvemos vários projetos, como um estúdio-escola, para capacitar bandas, engenheiros de som, produtores, roadies e uma agência para divulgar as bandas de Brasília.


Após ajustes nos projetos, nasceu a Agência Circula, que reúne uma equipe de 25 pessoas das áreas de comunicação, produção, marketing, design e administração e conta com uma verba de R$ 700 mil da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Produtores de São Paulo e do Rio já procuraram a agência para tentar reproduzir o formato em seus estados.

As bandas foram selecionadas por uma comissão formada pelos produtores Carlos Eduardo Miranda, Fabrício Nobre, Jonathas de Vargas (Lollapalooza Brasil), Marcos Boffa (Eletronika, Planeta Terra) e o jornalista José Flávio Júnior.

— São bandas de diferentes níveis. Dez são convidadas, já estão mais prontas, como Sexy Fi, Scalenes, The Neves e DeltaFoxx. Outras estão quase lá, e outras não têm nenhum disco — explica Pedroza.

Seis bandas da agência estão no festival Porão do Rock, realizado neste fim de semana em Brasília: Arandu Arakuaa (a que canta em tupi), Dona Cislene, Dillo, Scalene, Trampa e Bruto.

— O fato de ser capital do país gera uma enorme multiplicidade cultural. Mas é diferente de São Paulo, onde tem muito mais gente e você acaba encontrando seu nicho. Aqui não tem público para todos os nichos, então todo mundo se mistura. A gente é mais farofa nesse sentido — brinca Ofuji.

Mesmo assim, é possível identificar “minicenas”. O núcleo hardcore de bandas como Maltrapilhos e Galinha Preta; outro mais melodioso, como The Neves (“um vocalista que canta muito, com um registro agudo”, define Pedroza) e Kelton; as de estética indie, como Sexy Fi, DeltaFoxx e Voxolder; e as “de pegada mais rock”, na classificação de Pedroza, como Scalene, Darshan e Trampa. Muitas vezes, um músico toca em várias bandas (às vezes em papéis diferentes, como o de produtor).

— São ótimas bandas, cada uma num gênero. O indie do Sexy Fi, o hardcore genial do Galinha Preta, o Rios Voadores, mais psicodélico — lista Gabriel Thomaz, (integrante da cena dos 1990 com o Little Quail and The Mad Birds e hoje líder dos Autoramas), que toca numa questão central de Brasília hoje, a falta de espaços. — O rock nunca foi um brinquedo de ocupar espaços, e sim de inventá-los.

Os espaços inventados hoje são festas como a Play e a Moranga (que convidam músicos da cena para atuarem como DJs e também abrigam shows). Há ainda eventos como o grandioso (o último reuniu 12 mil pessoas) Picnik, que em meio a bazar e feira gastronômica, abre espaço para apresentações de bandas locais.

‘Formação de público pelas esquinas’

Fundador da Plebe Rude e autor da trilha de “Faroeste caboclo” (vencedora do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro), Philippe Seabra aponta a existência de bandas boas mas lamenta a forte presença dos artistas cover na cidade. E acende uma luz amarela, como voz dissonante:

— Cabe às bandas voltarem ao básico, formação de público pelas esquinas e quebradas. Soa um pouco romântico, mas todo rock que mudou o mundo começou assim, e não através de incentivos fiscais ou festivais. Isso é consequência.

Com a ideia (incorporada pelo Móveis) de músicos como empreendedores, a Agência Circula defende uma noção de independência semelhante:

— Nossa ideia é exatamente fazer as bandas se conscientizarem dessa parte profissional — resume Pedroza. — Não pode acreditar que você vai acordar às 16h, fazer música, jogar na internet, alguém vai ouvir, te contratar, e depois você vai para o camarim beber.


Read more: http://oglobo.globo.com/cultura/berco-roqueiro-dos-anos-1980-brasilia-se-reinventa-com-diversidade-13783145#ixzz3Cm8nm6LR - O GLOBO - Leonardo Lichote


"Review ÉTER (a band to unite tribes)"

Quando Dinho Ouro Preto publicou essa belíssima frase na sua conta oficial do Twitter, as pessoas discutiram mais o nome do Nirvana escrito errado do que qualquer outra coisa, por motivos óbvios.

Apesar de tudo, a ideia por trás do que Dinho falou no Twitter tem muito a ver com o momento que o rock brasileiro passa, onde o underground vive uma de suas melhores eras e, ao mesmo tempo, o mainstream tem praticamente zero bandas do estilo nas rádios e canais de televisão país afora.

Historicamente falando, não apenas aqui no Brasil mas também lá fora, sempre foi necessário que uma banda independente estourasse nos principais palcos para que a atenção voltada a ela e seu número de fãs dessem base e sustentação para mais uma penca de nomes, e as mais diversas cenas se consolidassem como gêneros de massa.

Um dos bons candidatos a serem daqueles grupos que agradam os mais variados e exigentes tipos de fã dos inúmeros sub gêneros do Rock And Roll é o Scalene, de Brasília.

O grupo está no circuito independente há um tempo considerável para ganhar experiência de palco e de estrada, e com seu primeiro disco, Real / Surreal, mostrou os talentos do vocalista e guitarrista Gustavo Bertoni, que tem apenas 21 anos de idade e é responsável por boa parte das composições da banda.

Foi com o álbum, também, que uma base de fãs começou a se formar, a ponto de levar os brasilienses para o palco de festivais como o Lollapalooza Brasil e o famigerado SXSW, em Austin, Texas.

Éter é o nome do novo disco da banda e, de uns tempos pra cá, tornou-se um dos lançamentos mais aguardados do rock nacional, primeiro pelo respeito que o underground tem pelo Scalene, e segundo por uma participação recente no programa de televisão SuperStar, onde a banda só recebeu elogios e bateu recorde de votação do público.

“Sublimação” abre os trabalhos do disco com a sonoridade característica do Scalene e a mistura certeira entre peso e melodia; logo de cara, o vocal de Gustavo Bertoni atua na canção como um instrumento, algo que a maioria das bandas brasileiras têm dificuldade em executar como acontece aqui. Cantando em Português, a banda ganha ainda mais pontos no quesito de acessibilidade.

Na sequência vem “O Peso da Pena”, que nem precisaria ter “peso” no nome para mostrar a que veio. Uma variada gama de influências aparece no som, de Deftones a Queens Of The Stone Age, passando pelo Muse. É com a banda britânica, muito provavelmente, que a banda será comparada por boa parte dos ouvintes e veículos de massa, muito em função de canções como “Histeria”. Mas não se engane, há muito mais aqui em um caldeirão com a cara do Scalene.

O rock alternativo dos anos 90 e o grunge, por exemplo, são muito bem representados em “Fogo”, canção que deixaria qualquer expoente de Seattle feliz da vida com sua instrumentação mesclando violões e guitarras, e o vocal de Gustavo aliado às suas letras. O que começa como uma balada se transforma em um som épico através de uma ponte que realmente arde como o fogo.

Há espaço também para os pianos e os arranjos cheios de beleza, como em “Gravidade”, que contrasta seu clima melancólico com a letra que fala de Rivotril e sobre como “a paz que procura não é química”, antes de embarcar em um refrão daqueles de cantar junto. Aqui a capacidade de Gustavo e companhia em viajarem entre os mais diversos estilos em tão pouco espaço, e de maneira tão bem amarrada, surpreende mais uma vez.

Surpreende também a ótima “Furacão”, por sua beleza e letra. A primeira canção de Éter sem guitarras pesadas em algum momento mostra que o Scalene não apenas está confortável, como sabe o que faz quando diminui o volume. E melhor, ainda emenda seu fim na próxima faixa, “Terra”, cuja introdução vai te lembrar do rock nacional dos Anos 80 e 90 antes de explodir em um som que novamente chama gente como Pearl Jam, Alice In Chains e Soundgarden para conversar bem de perto. A faixa conta com a participação de Mauro Henrique, do Oficina G3.

Competente e chegando ao seu final, o novo disco do Scalene ainda tem espaço para um hit radiofônico cheio de “Oh Oh Oh” na pele de “Náufrago”, um resumo do que a banda faz de melhor o tempo todo: peso, melodia, vocais, letras. O ápice de Éter chega quando Gustavo canta sobre como “cada um carrega um mundo singular”.

“Alter Ego” tem uma veia de pós punk, um quê de indie rock e solos a la QOTSA em sua mais recente fase, enquanto “Tiro Cego” volta a apostar na variação entre guitarras limpas e carregadas de distorção.

Ao final do disco, após pouco mais de 40 minutos, petardos e afagos, o ouvinte se depara com a sombria e gigantesca “Loucure-se”, que faz bom uso do viés teatral e temático mostrado tanto no seu álbum anterior quanto nos clipes do Scalene, com arranjos de corda, guitarras, guitarras e mais guitarras, que se despedem do álbum antes de “Legado”.

Quando a faixa, baseada na percussão marcante, foi disponibilizada pela banda para divulgar seu novo disco, pareceu estar longe da imponência de trabalhos anteriores do grupo, mas aqui, encerrando o disco, faz mais sentido com harmonias e berros que encerram Éter de maneira redondinha para que fique aquela vontade de apertar o play novamente.

Há elementos o suficiente para agradar os mais variados gostos em Éter, novo disco do Scalene. Melhor do que isso, há influências muito bem trabalhadas e arranjadas de forma que incorporam o som do grupo como ingrediente mesmo, e não como cópia.

Junte isso à voz bastante única do seu vocalista e a capacidade que a banda tem de arriscar quando é necessário, e você tem um dos sérios candidatos a melhor disco nacional de 2015.

Se o Scalene vai ser o “Norvana” que vai juntar as tribos, não dá pra saber, mas dá pra chutar, com grandes chances de fazer um golaço, que os brasilienses serão um dos grandes nomes do país em pouquíssimo tempo e têm o que faltou em nomes que apareceram no mainstream e falharam nos últimos anos: credenciais, credibilidade e talento de sobra.

Éter sai em 19 de Maio. - Tony Aiex


"Scalene: lots of references yet authentic"

Diz pra mim: qual é o nome daquela banda de roqueiros arrumadinhos que virou sensação no "SuperStar"? A resposta pode ser Malta ou Scalene, mas acaba aí a semelhança entre o quarteto paulista vencedor da primeira edição e o quarteto brasiliense que se destaca no segundo ano. Enquanto a Malta vai pelo hard rock romântico e pós-grunge tardio, o Scalene tem referências mais contemporâneas e menos populares no segundo disco, "Éter".
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Banda Malta supera Jamz e vence a primeira edição do 'SuperStar'

De bandas que atualizam o peso, como Queens of the Stone Age e Mastodon, a outras que gostam de experimentar com melodia e ritmo, como o Radiohead, dá para ouvir o melhor do rock contemporâneo no Scalene. Isso não significa, porém, que não seja original. É uma personalidade sisuda, que poderia se levar um pouquinho menos a sério. Pelo menos fogem do comum e parecem saber o que querem com as guitarras na mão - e isso não é pouco.

Boa costura
A boa extensão vocal, costurando agudos e graves ao mesmo tempo, e o cuidado com as texturas de guitarras conduzem bem dos climas arrastados ("O peso da pena") aos explosivos ("Fogo"). É o tipo de banda que, agora com público cativo, tem tom dramático que funciona para os grandes festivais - talvez se repetir a dose no próximo Lollapalooza.

Às vezes é difícil entender como uma banda que vai tanto para levadas mais quebradas e dissonâncias à Radiohead ("Furacão") consegue destaque em um programa popular como "Superstar". Por outro lado, o potencial de sucesso aparece em um "ô ô ô" aqui e ali ("Sublimação" e "Náufrago") e num refrão mais imponente ("Fogo").

Do fracasso vem a luz
O clima é sombrio, mas várias letras adotam a teoria "do fracasso surge algo bom".("É no furacão que surge a porta para um novo modo de pensar"; "Com o fogo vem a reconstrução do medo a solução"). Nessa busca pela catarse, lembram bandas mais novas que ainda conseguem fazer rock acessível, como Imagine Dragons e Bastille (aí talvez não por influência direta, mas por referências comuns).

Só irritam um pouco as letras muito etéreas, filosóficas, que às vezes parecem falar de tudo e nada ao mesmo tempo. Dá certo alívio quando descrevem algo mais palpável ("será o tal do Rivotril que me deixou tão mal assim?", de "Gravidade").

Para fazer as últimas comparações (juro!), o Scalene remete a inúmeras bandas brasileiras da década passada que tentaram fazer rock alternativo em linha parecida, com a mesma qualidade, mas que não foram muito longe - Gram, Violins, etc. O improvável efeito "SuperStar" pode mudar a história. Do fracasso surge algo bom. - Rodrigo Ortega


"Review: from Eter to the live DVD"

á tempos o Nação da Música recebe pedidos fervorosos de resenhas sobre os discos do Scalene e, pegando o gancho da divulgação do DVD “Ao Vivo em Brasília” – disponível nas principais plataformas de streaming a partir dessa sexta-feira (15) – abrimos espaço para falar um pouco mais sobre o seu antecessor “Éter”, de 2015.

Mas falar sobre um disco lançado há algum tempo significa, nada mais do que: indicar o papel que essa obra cumpriu e qual a sua relevância no panorama atual da música. Nesse caso específico, ouso a dizer que trata-se de um precedente que foi aberto com o lançamento do álbum.

Pense rápido: Qual foi a última vez que uma banda nacional transitou em linearidade com respeito do underground e respaldo do mainstream?

A abertura desse precedente me nega a leviandade de iniciar mencionando o senso comum (atestado) de que ‘Brasília é o celeiro do Rock nacional’; ou até de ensaiar qualquer comparação com referências claras da banda; como Queens Of The Stone Age, Muse, O’Brother, Radiohead ou até Royal Blood. Seria raso.

Ao divulgar o registro do DVD, o Scalene prova que é sim uma realidade – veja uma prévia também no vídeo abaixo – e surfa na onda das consequências positivas desse caminho trilhado, que fez com que a banda ocupasse um lugar que permanecia vago entre todas as tangentes que o rock brasileiro pode oferecer; com peso, melodia e harmonia.

A licença poética até permite dizer que os caras contornaram a Teoria da Relatividade de Albert Einstein, ao colocar o “Éter” como referencial que começou a distinguir movimento e inércia no cenário local.

É com essa temática inspirada no enigma do quinto elemento que Gustavo e Tomas Bertoni; Lucas Furtado e Philipe Makako guiaram as 12 faixas do segundo álbum de carreira. Expandindo as possibilidades da banda que, naquele momento, vinha se consolidando fortemente como um dos principais nomes da cena alternativa – com apresentações em grandes festivais como Lollapalooza e South By Southwest (SXSW), em Austin, Texas; ao mesmo tempo em que eram impulsionados em rede nacional, quebrando recordes de votações no programa Superstar, da Rede Globo.

Provavelmente você já ouviu “Éter” ou, pelo menos, algumas faixas dele – se não ouviu, convido-os ao display que está logo abaixo; então talvez não caiba aqui destrinchar minuciosamente as enérgicas faixas que vão de “Sublimação” à “Legado” – passando por “Terra”, que tem participação de Mauro Henrique, do Oficina G3. Vale lembrar que algumas delas também compõe o DVD.

Mas é notório, até tratando-se superficialmente dos nomes da primeira e da última música, como todos os elementos são milimetricamente encaixados no objetivo de “Éter”. E mais notório ainda é observar esse objetivo sendo transportado para um contexto muito maior desde então; envolvendo a cena, unindo tribos e criando esse tal precedente.

Vida longa. - André Ávila


Discography

"Scalene - Live @ Brasília" (DVD) 2016
"ÉTER" - CD 2015
"Real/Surreal" - Double CD - 2013
"Cromático²" - EP - 2012


Photos

Bio

Started in 2009. We've been friends since the early 90's. After 6 years as an independent band, playing small/medium/big shows and festivals (Lollapalooza, Porão do Rock, João Rock, Festival do Sol...) all over Brasil (200+ in more than 20 states), we're now recognized as one of the most important and promising rock bands of our generation. Now signed with "SLAP" our structure and reach is bigger than ever.
Our main references are Thrice, QOTSA, O'Brother, Radiohead... and, of course, Brazilian musicians such as Caetano Veloso, Chico Buarque, Lenine.
We've released one EP (Cromático), two CDs (Real/Surreal, Éter) and one DVD since 2012 and things have been working out pretty well. We just want to keep evolving and expanding. :)

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