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"Acorde da Polêmica"


Brasília, quinta-feira, 22 de março de 2007

Acorde da polêmica

Jovem recifense de 17 anos, revelação ao piano, provoca controvérsias no meio erudito do país ao interpretar repertório clássico com intervenções criativas
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Ugo Braga
Da equipe do Correio


Vitor Araújo: virtuose que divide opiniões dos músicos

Vitor Araújo, 17 anos, é tímido. Tem o riso fácil, mas fala pouco. Passaria por alguém comum em qualquer grande cidade do país. Mas, definitivamente, comum é o contrário do que se pode dizer dele quando está sentado diante de um piano. Do Recife, onde nasceu e mora, vem causando burburinho no meio artístico, sobretudo no vaidoso e competitivo mundo da música erudita. Sua habilidade extraordinária, aliada a um ponto de vista peculiar sobre arte, desperta a ira dos conservadores com a mesma facilidade com que arranca suspiros da platéia. Uns chamam-no de maior talento surgido no Brasil em muitos anos. Outros o perseguem, tachando-o de subversivo. Por enquanto, ele se diverte com o segundo grupo. “Se eles vissem o que eu faço em casa, quando estou estudando, iam querer me matar”, sorri.

Em casa, estudando, e ele o faz diariamente, durante quatro horas, Araújo eleva à enésima potência a essência de sua visão artística. Que ele mesmo resumiu, em entrevista ao Correio: “Acho que o compositor existe para servir ao intérprete. Não o contrário”. Tal perspectiva é admitida na música popular. Para os clássicos, porém, beira à heresia.

Desapegado do código de conduta do meio, Araújo tratou de “pecar” em público, em duas apresentações seguidas de seu primeiro recital profissional, no Teatro Santa Isabel, o mais tradicional de Pernambuco, em novembro do ano passado. Ao tocar Bachianas nº 4, de Villa-lobos – obra conhecida pelo epíteto de Miudinho –, ele fez o que chama de “citação”. Adicionou compassos àqueles escritos pelo mestre, misturando, na mão esquerda, notas de uma das partes da música e, com a mão direita, notas de outra parte.

Em bom português, o intérprete tocou melodias imaginadas por Villa-Lobos, sobre harmonias criadas pelo próprio, como se estivesse bordando sobre um fino tecido de seda, usando as mesmas linha e agulha do compositor. “É o que se faz no jazz”, explica. O resultado sonoro é belíssimo (está disponível na internet, no site de vídeos YouTube). Também adicionou ou preencheu com música, em Frevo, de Marlos Nobre, compassos não-escritos por Villa-Lobos em Dança do índio branco.

E percorreu o caminho inverso em duas obras-primas da música popular – Luíza, de Tom Jobim, e Asa branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Ambas ganharam arranjos construídos sobre os pilares da música clássica, nos quais a harmonia respira novos ares, isto é, se multiplica em milhões de notas além das habitualmente usadas, como se uma nova música brotasse dentro da outra, sem arrancar-lhe a pele.

Os problemas, porém, vieram logo depois dos aplausos. Informada da ousadia, a então diretora do Conservatório Pernambucano de Música, Jussiara Albuquerque, não só o criticou publicamente – disse, na frente de outros músicos, que aquele tipo de comportamento prejudicava o bom nome da instituição –, como ameaçou impedi-lo de freqüentar o curso de piano erudito. Não sem antes cancelar um concerto agendado pelo próprio conservatório. A polêmica alastrou-se.

Pecado
Professor do Conservatório Brasileiro de Música do Rio de Janeiro, o pianista Ivanildo Guilherme Ribeiro estava no Recife à época. Assistiu a uma das apresentações no Teatro Santa Isabel. O depoimento que dá sobre o que ocorreu ali é eloqüente. “É inegável que Vítor é um dos grandes talentos surgidos no Brasil. A habilidade dele não se discute. O problema é que, no caso, o compositor e o intérprete estão se misturando”, argumenta. “Na minha opinião, isso acontece porque ele é apaixonado, se deixa levar pelo que sente pelo instrumento. Acho que deve ser orientado, até porque há possibilidade de sofrer conseqüências, inclusive judiciais, se reescrever partituras consagradas, como vem fazendo.”

Convidado pelo Correio para pôr a batuta na polêmica, o maestro João Carlos Martins, ele mesmo um dos maiores pianistas do mundo até perder os movimentos das duas mãos, há alguns anos, saiu em defesa da liberdade do intérprete. Falou em tese, porque não ouviu as “heresias” do músico recifense. “Olha, eu mesmo fiz uma intervenção na música de Bach, o Gonoud tem uma intervenção famosa no Prelúdio nº 3 (também de Bach). Mas, nesse caso, a música barroca permite ornamentações naturalmente. Não vi as intervenções dele (de Araújo) em Villa-Lobos, mas acho que, se forem de bom gosto, o músico tem que ser estimulado em sua criatividade. Pecado seria tentar impedir”, opinou. “E também seria de bom tom que a platéia fosse avisada, antes, que aquela interpretação tem algo que o compositor não escreveu”, aconselha.

Na capital pernambucana, a música de Vítor Araújo sobrepuja barreiras. Ao ouvir o pi - Correio Braziliense


"Virtuosa Molecagem"

Virtuosa Molecagem (por Ana Paula Sousa)
Carta Capital, 19 de setembro de 2007, ano XIII, nº 462

Entre os muitos instrumentistas que subiram e desceram as ladeiras de Olinda (PE) na primeira semana de setembro estava um rapaz miúdo, 18 anos recém-completados, olhos que parecem mirar o horizonte. Convidado para os concertos da Mostra Internacional de Música de Olinda (MIMO), o recifense Vitor Araújo era aprendiz entre artistas como Isaac Karabtchevsky, Antonio Menezes, Egberto Gismonti e Dang Thai Son (pianista vietnamita). Mas seu piano moleque lotou o Convento São Francisco, no sábado 8, e deixou a platéia afoita.

Se não tem a excelência dos colegas, Araújo tem de sobra uma capaidade: fazer o piano soar humano, simples. Durante o concerto, quase entortou as paredes da igreja habituada ao silêncio. Diante do altar refletido no piano de cauda, mexia os pés como se fosse clown, batucava na madeira como se fosse Naná Vasconcelos e conversava com o público.

No repertório, peças de um arco amplo, como Villa-Lobos, Chico Buarque e uma melódica composição própria, trilha de um curta-metragem pernambucano. Tudo com notas e escalas imprevistas. Não à toa, teve as estripulias transformadas em polêmica. No ano passado, o compositor Marlos Nobre ameaçou processá-lo na Justiça por conta dos improvisos que desmontaram a partitura original.

"Você acredita? Já imaginou como o juiz ia ter que julgar isso? Ia dizer assim: 'Acusado de tocar o ré errado'", ele brinca. Em Olinda, pôs um espectador para tocar com ele, numa brincadeira que soou bonita, e fez coro com a igreja. "Se vocês forem afinados, vai ficar lindo". Tocou um dó. Depois um si. E mandou o público entoar as duas notas num "ah" alongado. Ficou lindo.
"Quero mostrar que todo mundo pode fazer música. A distância que a música erudita cria é muito chata. A arte, pra mim, é inerente ao ser humano, então fico feliz de fazer o público perceber isso. A música racional demais, pra mim, não é arte não", diz, juvenil, sorridente. Sobre os improvisos, repete uma resposta ensaiada: "Não sou eu, é meu dedo".

Começou a estudar piano clássico aos 10 anos e hoje faz faculdade de música. Começou a brincar de notas pretas e brancas com o público em novembro de 2006, no Teatro Santa Isabel (Recife), e vem ganhando fama. Em dezembro, com o patrocínio da prefeitura, gravará o primeiro DVD. "De repente, começou a aprecer uma coisa e outra. Fui convidado pelo Unicef pra tocar no Palácio do Planalto. Vir aqui foi demais. Além de tocar, conheci um bocado de músicos que, meu Deus, são muito bons". O nome dos ídolos, tem na ponta da língua. Gismonti é o "grande mestre". André Mehmari, o "gênio" da nova geração.

O que ele não ouviu foi o sabiá que, enquanto tocava uma canção de Lenine, piou forte à porta da igreja. Vitor teria adorado saber que até o passarinho resolveu participar.
- Carta Capital


Discography

discography:
2007 - TOC ( Dualdisc)

Photos

Bio

The pianist Vitor Araujo, 18, iniciated his piano stduying whe he was 9 years old, and since then he has received many awards for his outstanding performances. Today he's majoring in Piano in Pernambuco's State University. In 2006 he recorded his DVD ate Santa Isabel's Theatre, in Recife -PE, and for his great reviews has participated in some of the best music festival in Brazil, such as Festival de Jazz de Garanhuns, MIMO, Abril Pro Rock, among others, playing with some of the best contemporary classical musicians, such as Antonio Menezes, Naná Vasconceos, Egberto Gismonti, Yamandú Costa, Hamilton Holanda and Isaac Karabtchevsky.